Apesar de ter acelerado de 2,95% em 2017 para 3,75% em 2018, a inflação no País está sob controle, avaliou Fernando Gonçalves, gerente da Coordenação de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Eu vejo assim. Como está abaixo do centro da meta de 4,25% este ano,a inflação está sob controle", justificou Gonçalves.
A taxa do ano passado foi mais elevada do que no ano anterior porque o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deixou de registrar as quedas nos preços dos alimentos, ocorridas em 2017, em consequência da safra agrícola recorde obtida naquele ano, lembrou Gonçalves.
"E esse ano de 2018 teve pressão da energia elétrica. Foram cinco meses de bandeira vermelha patamar dois", acrescentou o pesquisador, mencionando também os aumentos na gasolina.
Para Gonçalves, o IPCA de 2018 poderia ter sido mais baixo se não tivesse ocorrido a greve de caminhoneiros, que paralisou estradas em todo o País no mês de maio. O desabastecimento impulsionou os preços dos alimentos e da gasolina, levando a inflação do mês de junho de 2018 a um pico de 1,26%. Ele lembra que alguns itens até devolveram parte dos aumentos praticados após a paralisação dos caminhoneiros, mas a elevada taxa de junho foi incorporada ao resultado do IPCA do ano.
Quanto a 2019, o mês de janeiro deve absorver alguns tradicionais reajustes de itens monitorados, mas ainda não é possível prever o comportamento dos preços no ano.
Segundo Gonçalves, o IPCA deste ano pode sofrer impacto de efeitos do fenômeno climático El Niño sobre as lavouras, além de uma possível pressão de demanda, se houver aumento no consumo em decorrência da melhora esperada no mercado de trabalho.
Em 2018, Porto Alegre teve a inflação mais elevada no ano (4,62%), enquanto Aracaju teve a mais baixa (2,64%).