Comodidade, baixo investimento e alta liquidez favorecem novos negócios

A diversificação nos modelos de negócios é uma das apostas das redes de franquias brasileiras para manter o crescimento em 2015, frente às expectativas pessimistas para a economia. Em Minas – quarto Estado com maior número de marcas franqueadoras e terceiro em número de unidades em operação – as vendas em domicílio despontam como uma opção para os profissionais que buscam no franchising uma fonte complementar de renda.

Sem custos operacionais elevados e a necessidade de investimento em loja física, as franquias home based (com base em casa, na tradução livre) começam a ganhar destaque. É o caso da marca de sapatos femininos Quinta Valentina, que em quatro meses de operação em Minas Gerais movimenta cerca de R$ 100 mil mensais e tem 125 mulheres à espera para se tornarem franqueadas.

Um dos motivos da atratividade é o baixo custo para aquisição da franquia e o retorno em três meses a um ano. O sócio-fundador da marca, André Assunção, explica que a possibilidade de locomoção da venda direta é o que potencializa o negócio para o franqueado.

“São produtos de boa liquidez e que atendem a vários perfis de consumo. Em uma faixa que vai de R$ 189,00 a R$ 239,00, nosso produto é até 40% mais barato do que os comercializados em shoppings, por exemplo. Essa redução é permitida porque o modelo dispensa investimentos em espaço físico, por exemplo”, explica.

A bancária Marcela Couto atua há quatro meses como representante da Quinta Valentina em Belo Horizonte e explica que faz as vendas nos horários em que não está no banco. “Realizo de cinco a sete visitas por semana e decidi investir na franquia para conseguir uma outra fonte de renda. Até o momento, a avaliação é muito positiva”, comenta.

Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) apontam que, em 2014, o setor de calçados e acessórios pessoais foi o segundo com maior expansão (19%) em relação a 2013, perdendo apenas para o setor de informática, que cresceu 27% na mesma base de comparação.

Outro exemplo da força das vendas com entrega em domicílio é a rede Strog Delivery, que nasceu em 2005 em BH com a proposta de oferecer produtos que se diferenciassem do fast food tradicional.

Hoje a empresa tem três unidades na capital com previsão de inauguração de mais uma no segundo semestre. “As franquias estão crescendo muito de um modo geral.Com o caos urbano e os problemas de mobilidade que vivemos hoje, as empresas tendem a oferecer cada vez mais comodidade para o cliente, levando o produto até ele”, comenta o diretor da empresa, Leonardo Pimentel.

Expansão contínua

No fim do ano passado, 125,6 mil unidades franqueadas dos mais variados segmentos estavam em atividade no Brasil. O equivalente a um crescimento de 9,6% em relação a 2013. A diretora regional da ABF Minas Gerais, Danyelle Van Straten, explica que o franchising deve continuar em expansão em 2015.

À frente da rede de franquias especializada em depilação Depyl Action, Danyelle destaca que a marca está há 19 anos em atividade e conta com 93 franquias, sendo quatro lojas em Belo Horizonte e duas na Venezuela.

“O franchising é a forma de associativismo mais eficiente que existe. É a força do grande fazendo diferença para o pequeno”, analisa.

Para Danyelle, as franquias com atendimento domiciliar são uma tendência impulsionada principalmente pelo custo cada vez mais elevado de um espaço físico. Ela destaca que, em determinadas ocasiões, esse fator determina efetivamente a viabilidade do negócio.

“É um efeito do Custo Brasil. Basta ver como os food trucks (trailers de comida) estão crescendo. Agora, é importante lembrar que as microfranquias demandam o mesmo suporte de gestão e seguem a mesma lei das franquias maiores”, aponta.

Investimento em loja do setor de beleza exige R$ 250 mil

Em 2014, o sistema de franquias aumentou em 6,5% o número de postos de trabalho gerados no país. No entanto, um dos desafios dos franqueados é conseguir mão de obra qualificada para assumir as vagas em aberto.

O empresário franqueado da Boticário José Ângelo Melo possui 14 lojas da marca em Belo Horizonte e atua há 24 anos no segmento.

Para ele, apesar das dificuldades de recrutamento de profissionais capacitados, há muitas vantagens em se investir em franquias.

“Os franqueados contam com uma rede estruturada com profissionais que dão suporte ao negócio e entendem os desejos de consumo do cliente. Isso estimula e contribui para a realização de um trabalho de qualidade com diversos públicos e nos mantém alinhados”, comenta.

Hoje, o investimento inicial para abrir uma franquia do Boticário é de R$ 250 mil. A expectativa média de retorno é de 18 a 36 meses.