Confira como foi o debate com presidenciáveis na Record

Fernando Dutra - Hoje em Dia
28/09/2014 às 23:30.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:23
 (Nelson Antoine/Estadão Conteúdo)

(Nelson Antoine/Estadão Conteúdo)

Aconteceu na noite deste domingo (26), o penúltimo debate entre os candidatos à Presidência da República nas eleições de 5 de outubro. O evento ocorreu em são Paulo e foi organizado pela Rede Record de televisão. Participaram Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) e, além dos três principais candidatos nas pesquisas, participaram Luciana Genro (Psol), Eduardo Jorge (PV), pastor Everaldo (PSC) e Levy Fidelix (PRTB). O debate teve início às 22h30 e foi divido em quatro blocos. A apresentação ficou por conta dos jornalistas Adriana Araújo e Celso Freitas.

Confira abaixo os principais destaques do debate, bloco a bloco:

1º Bloco: candidato pergunta para candidato

Luciana Genro pergunta para Dilma: Sobre a situação dos aposentados

Dilma: Houve aumento na quantidade de beneficiados pela aposentadoria, a maioria está na faixa de um salario mínimo, e essa faixa teve aumento real de mais de 70%.
Luciana: A maioria ganha apenas um salario mínimo pois o Fernando Henrique Cardoso desvinculou as aposentadorias.
Dilma: Reitero que 67% dos aposentados tiveram aumento de 71% no rendimento.

Dilma pergunta para Marina Silva: Sobre mudanças de partidos e de posições
Marina: Mudei de partido para não mudar de ideias e de princípios. Tenho total coerência com as posições que defendo.
Dilma: Não entendo como a senhora pode esquecer que votou quatro vezes contra a criação da CPMF. Governar o país requer posições claras.
Marina: Me lembro exatamente quando votei a favor da CPMF. Não tenho a lógica da oposição e da situação, raivosa.

Marina pergunta para Aécio Neves: Sobre geração de energia
Aécio: todos sabemos que nossa matriz energética é hídrica. Há necessidade de diversificarmos a matriz. Nos últimos anos não houve planejamento nesse sentido. Não houve capacidade do governo em planejar. A política desse governo com a Petrobrás inviabilizou o etanol.
Marina: Precisa acabar é com o improviso. Nos dois governos (PSDB e PT) tivemos improviso. O governo não faz o seu dever de casa. Vamos trabalhar para que o Brasil tenha uma matriz limpa e diversificada.
Aécio: Concordamos na necessidade de diversificarmos. O governo FHC tinha o desafio de domar a inflação, lutamos muito por isso, contra o PT, quando a senhora inclusive fazia parte do PT.

Levy pergunta para Eduardo Jorge: Sobre saúde
Eduardo Jorge: Esse é o tema de minha vida. Precisa de mais recursos federais, a saúde tem que conversar com as outras políticas públicas e o mais importante seria o saúde da família em qualidade e quantidade. O PT foi contra a CPMF e eu fui punido porque apoiei, depois que virou governo ele passou a apoiar a CPMF.
Levy: O Brasil gasta dinheiro com Cuba em vez de empregar brasileiros.
Eduardo Jorge: Importar médico não é problema, importar escravo é.

Eduardo Jorge pergunta para Luciana Genro: sobre o carvão
Luciana Genro: Não entendi seu "risinho" ao dizer se eu fosse presidente. Acredito que posso sim ser presidente. A preocupação com o carvão é justa, mas temos também a preocupação com o desmatamento. É preciso ter uma postura dura com o agronegócio.

Marina pergunta para Dilma: Sobre produção de álcool combustível
Dilma: Antes vou dizer que o Brasil tem o maior programa de remédios gratuitos de todo o mundo. Queira dizer que reequipamos e modernizamos as Forças Armadas. O Brasil precisa de 70 mil MegaWatts de energia. É difícil resolver o problema baseado em energia que não seja hidrelétrica.
Marina: Não respondeu o que era mais importante. a política de etanol no seu governo é um fracasso. 70 usinas foram fechadas, 40 estã em recuperação judicial.
Dilma: A política de etanol do meu governo foi baseada em subsídio através de financiamento e desoneramos PIS/COFINS.

Dilma pergunta para Aécio: Sobre privatização da Petrobrás
Aécio: Não vamos privatizar a Petrobrás, mas vou reestatizar. Vou tirar ela das mãos desse grupo político. As denúncias (contra a Petrobrás) não cessam. Não há sentimento de indignação da sua parte. Essa indignação está faltando. A senhora será a primeira presidente que vai entregar a inflação maior que recebeu.
Dilma: Os senhores foram sempre favoráveis à privatização. É eleitoreiro o senhor dizer que vai reestatizar.
Aécio: Eu não vendi nada candidata. Apenas a denúncia do diretor, colocado no governo do PT, possibilitaria que 50 mil casa do Minha casa Minha Vida poderiam ser construídas.

Aécio pergunta para Eduardo Jorge: Sobre combate ao desemprego
Eduardo Jorge: O PV não é capitalista nem socialista. É um partido ecologista. Nossa proposta é que a taxa de juros (Selic) inibe o crescimento da indústria. Trazer a taxa para níveis civilizados.
Aécio: Só vamos voltar a crescer quando resgatarmos a credibilidade das regras que aqui são praticadas. Na minha proposta vamos elevar a taxa de investimento.
Eduardo Jorge: PSDB. PT e PSB são muito próximos em suas propostas econômicas.

Dilma: direito de resposta
Dilma: Quem demitiu o Paulo Roberto fui eu. Sou a única candidata que apresentou propostas concretas de combate à corrupção.

Luciana Genro pergunta para Marina: Sobre a nova política igual à velha política
Marina: Primeiro tem que entender que nova política não é um monopólio da esquerda ou da direita. Ela é praticada pela sociedade. Hoje temos um movimento do Brasil inteiro que quer melhorar a qualidade da política. É o ativismo da sociedade ou ativismo autoral. Sou sim parte desse processo. Não estou sozinha
Luciana: A nova política da Marina é assim. Sede ao agronegócio, aos banqueiros, aos reacionários do congresso nacional, joga na lata do lixo os direitos LGBT.
Mariana: a nova política que pratico é justamente para evitar calúnias e mentiras. Tenho uma história progressista no Congresso Nacional.

2º Bloco: Jornalistas perguntam para candidatos

Sobre novas estratégias de segurança pública
Dilma: Aproveitar uma excelente iniciativa que foi a integração, durante a Copa do Mundo, das polícias com apoio do exército brasileiro. Pretendo mudar as regras para que o governo possa participar do combate à corrupção. Criar centros de comando e controle, em sintonia com os estados. Eu não varro crimes pra debaixo do tapete. Não criei o engavetador da república.
Marina: Cerca de 56 mil pessoas são assassinadas por ano, a maioria jovens da periferia. Infelizmente as políticas erráticas do atual governo tem contribuído pra isso. Vamos atuar em parceria com os estados.

Sobre as derrotas do projeto do PSDB nas últimas eleições
Aécio: Me orgulho muito da trajetória do meu partido. As últimas pesquisas mostram que a única candidatura que cresce em todas as regiões do Brasil é a nossa. Nossa proposta é coerente com tudo que praticamos ao longo de nossa vida. Sou candidato porque construímos um projeto para o Brasil. Estamos prontos pra fazer uma grande revolução. Com ética. Num segundo turno, ainda não sei com quem.
Dilma: o Povo tem memória e se lembra que o governo do PSDB quebrou o país por três vezes. Teve a maior taxa de juros da história. O desemprego era enorme.

Sobre a equipe de governo que não tem simpatia pelos programas sociais
Marina: quem vai decidira a manutenção dos programas sociais no meu governo é a sociedade. Para defender os interesses dos trabalhadores não tem que pertence à mesma classe social. Não temos a visão mesquinha de que só quem passou necessidade pode atender os pobres. Tenho compromisso sim de manter os programas sociais. Minha equipe se compromete em manter as conquistas já alcançadas. Vamos combater a corrupção que existe.
Aécio: No meu governo serei eu que vou decidir, e vamos manter os programas sociais. Esse boatos de que a oposição vai acabar com os programas sempre existiram

Sobre legalização do aborto
Luciana Genro: Sim, sou favorável. Infelizmente 800 mil abortos ocorrem todos os anos no Brasil. A cada dois dias morre uma mulher. O estado não oferece o apoio à mulher. As convicções religiosas devem ser respeitadas. Precisamos defender a vida das mulheres. O aborto deve, inclusive, ser atendido pelo SUS. Com apoio psicológico e material.
Everaldo: Sou contra o aborto. Toda política não abortiva eu darei o apoio. Sou a favor da vida desde sua concepção.

Sobre acusações contra a ética
Eduardo Jorge: Defendo que o movimento ambientalista brasileiro deveria se manter unificado. O que houve foi uma disputa de poder entre a antiga direção (do PV) e o grupo de Marina. Minha proposta de reforma serve para reformar todos os partidos, inclusive o meu.
Luciana Genro: O Psol nasceu da luta por uma esquerda coerente. Da recusa de ativistas de continuar segurando as bandeiras que o PT abandonou. Uma política diferente de verdade.

Sobre a descriminalização da maconha
Levy: Temos mais de um milhão de drogados somente nas grandes cidades. além deles não serem produtivos eles atacam as próprias famílias. Temos que ter mais clínicas para tratamento. Temos de combater nas fronteiras a entrada das drogas. Vamos reforçar mais verbas aos municípios para combater o uso de drogas.
Eduardo Jorge: Sou a favor da legalização e regulação, para quebrar a economia do crime. Assim fazem diversos países. Depois da legalização eu digo: não use drogas.

3º Bloco: candidatos perguntam para candidatos

Everaldo pergunta para Aécio: Sobre fala da Dilma na ONU sobre terrorismo
Aécio: Dilma protagonizou um dos mais tristes episódios da política externa brasileira. A presidente propôs diálogo com o Estado Islâmico, que está decapitando pessoas. Foi uma mancha na política externa brasileira. O terrorismo está aqui também, esta é a tática do PT, que diz que a oposição vai acabar com programas sociais.
Everaldo: Eu jamais acabarei como Bolsa Família, jamais deixarei o brasileiro com fome
Aécio: A pobreza também é privação de oportunidades e serviços, não só pela renda. O estado atuará de forma integrada.

Aécio pergunta para Dilma: Sobre enfrentamento à criminalidade
Dilma: Tenho a proposta de colocar o governo federal atuando na área, que até agora é prerrogativa dos governos estaduais. Nós fazemos agora uma cooperação estreita com os estados. Criamos os centros de controle e deu muito certo. Na minha vida tive tolerância zero com crimes de corrupção. Dei autonomia pra Polícia Federal, o que não aconteceu nos governos anteriores.
Aécio: A presidente não tem que autorizar a Polícia Federal a prender ninguém. Defendo que em crimes hediondos os menores de 16 anos possam ser punidos pela justiça.
Dilma: Acho que a melhor solução é punir a quadrilha que utiliza menores. Temos de dar condições de trazer os menores para a sociedade.

Dilma pergunta para Marina: Sobre crédito dos bancos públicos
Marina: Não só vou manter o crédito dos bancos públicos como vou fortalecê-los. Isso é mais um boato que está sendo dito. Vamos valorizar os funcionários de carreira. Vamos evitar subsídios para empresários falidos. A Caixa Econômica e o BNDES tem um papel importante no crescimento do país.
Dilma: No seu programa de governo consta que a senhora vai reduzir o papel dos bancos públicos.
Marina: Vou manter sim o crédito direcionado para aqueles que tem esse direito e que precisam. Isso está muito claro no meu programa.

Marina pergunta para Eduardo Jorge: Sobre saúde
Eduardo Jorge: O Brasil avançou. O SUS é o caminho, mas o povo precisa de mais. Precisamos aumentar os recursos, apesar que a divisão orçamentária pode ser um problema. Mas é preciso aliar a saúde a outros programas. O farol deve ser o atendimento de saúde da família.
Marina: Vamos implementar o cadastro único de saúde. As pessoas ficam muito tempo nas filas por atendimento médico.
Eduardo: Não só o orçamento. O problema de gestão é fundamental.

Eduardo para Luciana: Sobre jornada de trabalho
Luciana: Quando governamos temos que escolher, ou se governa para os banqueiros e para o agronegócio ou se governa para o povo. O Psol é um partido socialista de verdade. Não precisa ser socialista para tomar medidas que defendam os interesses do povo.
Eduardo: Existe uma emenda constitucional passando a jornada de trabalho de 44 para 40 horas, e os partidos, ditos socialistas, não votam a emenda.
Luciana: O capitalismo não permite isso. A lógica do capitalismo é o lucro acima da vida.

Luciana para Fidelix: Sobre violência contra a comunidade LGBT
Levy: Tenho 62 anos, pelo que vi na via, dois iguais não fazem filho. Aparelho excretor não reproduz. Prefiro não ter esses votos mas ser um pai que tem vergonha na cara e protege seus filhos. Lamento, que façam bom proveito, mas eu presidente não vou estimular a união homoafetiva.
Luciana: O casamento civil igualitário é essencial para que possamos reconhecer como família. Não importa se são dois homens ou duas mulheres.
Levy: Se continuarmos a estimular isso ai nossa população vai cair pra 100 milhões de pessoas.

4º Bloco: Considerações finais

Levy Fidelix: Não sou utópico, não vamos ganhar a eleição. Quem ganhar deve pensar se vai continuar a pagar tantos juros bancários. Me coloco para 2018 como investimento. Quero imposto zero para remédios.

Aécio Neves: Enquanto duas das candidatas não param de brigar eu me preparei para apresentar uma proposta que permita o controle da inflação e o crescimento econômico. Quando se elege um presidente se elege um governo, e busquei os melhores quadros, não apenas do meu partido. O governo que está aí perdeu as condições de governar e a outra candidata não adquiriu essas condições.

Dilma: No próximo domingo vamos às urnas. Nesse momento todos devem se perguntar quem tem mais capacidade e competência de manter os avanços. Quem tem compromisso com os trabalhadores. Quem enfrentou a crise aumentando salários e empregos. Quem preparou o Brasil para um novo ciclo de desenvolvimento. Peço que reflita sobre essas questões. Vamos votar com consciência.

Pastor Everaldo: Sou contra a legalização das drogas. Sou a favor da família tradicional. Sou a favor da meritocracia. Sou contra a regulação da imprensa. Se eleito presidente todo trabalhador que ganha até 5 mil reais estará isento de imposto de renda.

Eduardo Jorge: Vocês já conhecem as teses do Partido Verde. Muita gente que quer votar em mim fica com medo que a eleição se defina no primeiro turno e não votam no candidato do coração deles, que sou eu. Façam as contas, vai ter segundo turno, mas no primeiro turno é o voto da razão e do coração. Preciso da força do PV para influenciar no segundo turno.

Marina Silva: A sociedade acompanha quem são aqueles que estão comprometidos com a mudança. Vamos criar a escola de tempo integral. Acabar com a reeleição. Estamos comprometidos em unir o Brasil e acabar com a polarização entre PT e PSDB. Com apenas 2 minutos de TV me esforcei para fazer propostas, para enfrentar o debate, não o embate.

Luciana Genro: Estamos caminhando para um novo sistema político. A única candidatura de esquerda coerente é a do Psol. De defender a tributação dos bancos e das grandes fortunas. De defender a comunidade LGBT. As bancadas do Psol são sempre consideradas as melhores e as mais combativas.
 

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por