Congressistas pedem que Farc e governo acelerem acordo de paz na Colômbia

AFP
05/03/2013 às 21:10.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:36

BOGOTÁ - Uma delegação de congressistas pediu que as Farc e o governo da Colômbia acelerem a assinatura de um acordo de paz, após constatar "avanços concretos" no diálogo que a guerrilha realiza desde 2012 com delegados do presidente Juan Manuel Santos, afirmaram os parlamentares nesta terça-feira em Bogotá.

"O ano de 2013 deve ser o ano da paz", declarou em um comunicado o grupo de seis parlamentares liderados pelo presidente do Congresso Roy Barreras, após ter se reunido na segunda-feira em Havana com a delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Os congressistas também garantiram que "há avanços concretos no processo" de paz e, por isso, encorajaram acelerar os acordos ao advertir que, tanto o atual parlamento, como o Executivo "tem data de validade".

"O Congresso pede aos dois lados da mesa de negociações que revisem o cronograma dos diálogos e que não desperdicem esta oportunidade", argumentou Barreras em uma coletiva de imprensa.

"Nunca tivemos avanços concretos como agora", salientou o legislador, que se mostrou partidário de que o acordo final de paz seja referendado popularmente.

O grupo de parlamentares que viajou a Havana explicou que "os acordos que devem ser alcançados em Cuba sejam reafirmados pelo Congresso da Colômbia através de uma reforma estatutária que tem que ser apresentada, no mais tardar, em agosto de 2013".

A Colômbia deve realizar em março de 2014 eleições legislativas e, nos meses de maio e junho do mesmo ano, os dois turnos das eleições presidenciais.

"O lento avanço das negociações se choca com os tempos legislativos e o calendário eleitoral", disse Barreras.

O representante à Câmara pelo partido de esquerda Pólo Democrático, o deputado Iván Cepeda, disse à AFP que os delegados da guerrilha "receberam com muita atenção as considerações de ordem política e jurídica que expusemos".

No entanto, advertiu que "eles têm que fazer processos de consulta que não são fáceis pelas condições geográficas e do conflito armado".

O diálogo entre o governo de Santos e as Farc se desenvolve em Havana desde o dia 19 de novembro com uma agenda de cinco pontos: desenvolvimento agrário, drogas ilícitas, participação política, abandono das armas e reparação às vítimas.

Até agora, as delegações avançaram apenas sobre o primeiro ponto.

Em sua declaração, o grupo de parlamentares ratificou que o Congresso não legislará sobre nenhum tema que tenha a ver com o processo de paz até que se "assine o fim do conflito", revelou Barreras.

Previamente, as Farc apontaram em um comunicado divulgado na capital cubana que "o presidente do Congresso manifestou o compromisso de que o parlamento não legislaria sobre assuntos que são matéria da Agenda de Diálogos até que as partes cheguem a acordos concretos que deverão ser levados em conta por este braço do poder público".

As negociações se realizam sem que a Colômbia medie um cessar-fogo bilateral. As Farc realizaram uma trégua unilateral de dois meses, entre novembro e janeiro, como gesto de "boa vontade" rumo ao processo de paz.

Anteriormente, as Farc tentaram sem sucesso manter diálogos de paz com os governos de Belisario Betancur (1982-86), César Gaviria (1990-94) e Andrés Pastrana (1998-2002).

As Farc são o mais antigo movimento de guerrilha na América Latina, com 48 anos de luta armada. Atualmente conta com cerca de 8.000 integrantes.

Na Colômbia, existe ainda na ativa outra guerrilha de esquerda, o Exército de Libertação Nacional (ELN), com 2.500 combatentes.

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