Conquistas e entraves da produção do pinhão manso no Norte de Minas

Jornal O Norte
11/09/2009 às 09:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:10

Janaína Gonçalves


Repórter

O pinhão manso, também conhecido como pinhão-de-purga, pinhão-Paraguai, manduri-graça, mando-bi-guaçu e pião; e o pinhão-bravo (Jatropha pohliana M) vêm servindo de experiência com vegetais para uma futura substituição do óleo diesel como combustível. A Sada Bioenergia e agricultura Ltda., localizada no município de Jaíba, conta com unidade de produção de álcool, biodiesel e energia elétrica desde 2005.

A Sada é um empreendimento agroindustrial de produção e consumo de álcool e biodiesel, envolvendo produtores de cana-de-açúcar e pião manso, independentes e associados.

De acordo com o diretor agrícola Mário Lúcio Maciel, a indústria foi construída com alta tecnologia disponível no mercado mundial, a um custo inicial de 75 milhões de reais.

(foto: JANAINA GONÇALVES)





Produção do pinhão manso aumenta na


região norte-mineira
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- A unidade tem capacidade de moagem de 800 toneladas de qualquer tipo de oleaginosa, por dia, para extração do óleo, como pinhão manso, soja, amendoim, girassol - explica.

Conforme o engenheiro agrônomo e gerente de irrigação da Sada, Newton Carneiro dos Santos, a ideia é que a empresa conquiste os espaços da produção de biodiesel, uma vez que a Sada trabalha pela destilação para produzir álcool.

- O álcool passou a ser um produto atrativo, com preço bom no mercado e, com isso, a esmagadura já uma realidade da empresa, para moer a cana para a produção de álcool. Temos capacidade instalada hoje para produção de 500 mil litros de álcool por dia - afirma.

O gerente relata ainda que a unidade de Jaíba tem em torno de 3 mil e 600 hectares de cana-de-açúcar para a produção de álcool, e 600 hectares de pinhão manso para a produção de biodiesel.

Mas vale lembrar que a indústria pretende, neste ano, melhorar as potencialidades e atingir a extração de 800 toneladas de óleo por dia.

Conforme Bernardino Gervásio Araújo, gerente executivo do DIJ - Distrito de Irrigação de Jaíba, ensaios feitos com o óleo extraído do pinhão-manso (óleo-de-purgueira), comparando-o com o diesel, deram bons resultados. Num motor diesel, para gerar a mesma potência, o consumo de óleo-de-purgueira foi 20% maior, o ruído mais suave e a emissão de fumaça, semelhante.

- O óleo de pinhão-manso tem 83,9% do poder calorífico do óleo diesel e o óleo de pinhão-bravo, 77,2%. Se o óleo de pinhão-manso for usado como substituto do diesel, o consumo será 16,1% maior; se a experiência for feita com o óleo de pinhão-bravo, será 21,8% maior. Além disso, a torta que resta é um fertilizante rico em nitrogênio, potássio, fósforo e matéria orgânica. Desintoxicada, a torta pode também ser transformada em ração, como tem sido feito com a torta de mamona. E a casca dos pinhões pode ser usada como carvão vegetal e matéria-prima na fabricação de papel - conclui.

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