Suspensão do piso salarial

Conselho de Enfermagem cita 'salários miseráveis' e alerta para risco de paralisação

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
06/09/2022 às 17:27.
Atualizado em 06/09/2022 às 17:29

Sob ameaça de paralisação, profissionais da Enfermagem se dizem indignados e revoltados com a decisão do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a implantação do piso salarial da categoria.

Em coletiva concedida nesta terça-feira (6), a presidente em exercício do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG), Maria do Socorro Pena, afirmou que os profissionais foram pegos de surpresa por uma "decisão monocrática" e que a categoria está desassistida.

Segundo ela, 80% dos trabalhadores da Enfermagem vivem na "linha da miséria" salarial. Em Minas, são 234 mil enfermeiros, técnicos, auxiliares e parteiras, representando 75% da mão de obra da Saúde.

"Nós estamos aqui, diante de um quadro de ameaça de paralisação neste país. Nosso piso está suspenso por 60 dias (...) As instituições de saúde fizeram um assédio coletivo para dizer à sociedade que havia demissão em massa", declarou a presidente.

Durante a coletiva, Maria do Socorro destacou ainda que existe uma "exploração da mão de obra", com enfermeiros enfrentando condições de trabalho "precárias", com cargas horárias que chegam a 36h. Além disso, ela afirmou que milhares de profissionais estão hipertensos, obesos ou apresentam doenças crônicas.

"É um apelo. Precisamos de dignidade, de reconhecimento. São profissionais que têm uma responsabilidade imensa e que recebem de R$ 900 a R$ 2 mil. Não é compatível com a responsabilidade desses profissionais".

A presidente do Coren-MG também questionou a decisão do ministro Luis Roberto Barroso, alegando que o piso salarial é constitucional, passou por todos os ritos das casas legislativas e que foram longos meses de estudos de impacto financeiro, envolvendo todas as instituições do país.

A presidente defendeu ainda que o impacto financeiro vai ser maior na rede privada, hospitais filantrópicos e clínicas de hemodiálise.

Segundo Maria do Socorro, o grupo de trabalho da Câmara dos Deputados mostrou que o custo anual para cumprir a lei é de 4% orçamento do SUS, índice que ela classificou como "insignificante".

"Não vamos permitir. Não aguentamos mais. Nesse momento estamos conscientes, precisamos, merecemos e temos condições de sermos absorvidos pelos empresários e pelo governo para o cumprimento do piso".

Ainda na coletiva, a presidente do Coren-MG afirmou que o piso salarial da Enfermagem não vai provocar fechamento de leitos de hospital ou prejudicar a saúde pública.

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