(Fábio Rogrigues Pazzebom/Agência Brasil)
O Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH) posicionou-se, mais uma vez, nesta quarta-feira (14), pela adoção de lockdown e contra uma possível flexibilização do comércio na capital. Nesta tarde, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) e o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 se reúnem para discutir se a cidade será reaberta.
Essa não é a primeira ocasião em que o órgão pede medidas mais rígidas no combate à pandemia. No mês passado, a recomendação foi dada nos dias 18 e 30. Dessa vez, o Conselho pede que o lockdown seja adotado por três semanas pela gestão municipal. BH está fechada há 40 dias, com funcionamento permitido apenas de serviços essenciais.
"O Conselho tem defendido a medida desde o início da pandemia, mas agora a situação está muito mais grave. Estamos recomendando e pedindo a compreensão do poder público para que decrete um lockdown de três semanas", afirmou Carla Anunciatta, presidente da entidade.
De acordo com ela, a situação na cidade é muito crítica, com cem pessoas em espera por uma vaga de terapia intensiva nas redes pública e suplementar (particular e filantrópica). Dessas, 42 estão, segundo o CMSBH, em unidades de pronto-atendimento (UPAs).
"Há, ainda, o agravante dos medicamentos e sedativos do kit de intubação, cujo estoque está acabando, e as novas cepas em circulação, mais agressivas. Há um esgotamento do sistema de saúde", disse. Para a gestora, a abertura da cidade só seria segura com uma baixa maior dos indicadores.
"Só conseguimos conter a transmissão do vírus se a gente diminuir a circulação de pessoas. Por isso, temos que tomar essa atitude mais drástica. Os indicadores, nos níveis atuais, não são suficientes porque a saúde está trabalhando no limite. Não há uma situação confortável. O indicador não está refletindo a realidade. Todos os hospitais públicos e privados estão com 100% de ocupação", declarou.
De acordo com o mais recente boletim epidemiológico da Prefeitura de BH, divulgado na noite dessa terça-feira (13), a taxa de uso dos leitos de UTI exclusivos para a Covid do SUS está em 90,2%. Já na rede suplementar, que é composta por hospitais particulares e filantrópicos, o índice para a mesma finalidade, é de 82,1%.
Lockdown com apoio público
Conforme Carla Anunciatta, o fechamento total da cidade deve ocorrer em concomitância a medidas que permitam que as pessoas possam realmente ficar em casa, incluindo renda mínima para desempregados, trabalhadores informais, famílias de baixa renda e moradores de vilas e favelas, com ampliação da cesta básica ofertada e inclusão do vale-gás de cozinha.
Além disso, o órgão pede subsídios financeiros a pequenos e médios empresários e comerciantes, "para que eles tenham condições de ficar com os estabelecimentos fechados durante essas três semanas e de pagar os funcionários", informou Carla.
O Conselho também pede a suspensão da circulação dos ônibus e metrô. "Como os serviços essenciais, de saúde, segurança e alimentação, precisam funcionar, para esses trabalhadores teria que haver um transporte específico, com aluguel de van para o funcionário trabalhar", defendeu.
Por fim, Carla ainda pediu que não haja cobrança de água e luz da população, além da diminuição dos impostos "para que as pessoas tenham condição de comprar alimentos".
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que avalia todas as recomendações recebidas e as orientações são consideradas nas tomadas de decisão.
"A Prefeitura informa ainda que mantém o monitoramento constante dos dados epidemiológicos e assistenciais na cidade. Qualquer agravamento que comprometa a capacidade de atendimento será tratado da forma devida, com o objetivo de preservar vidas", afirmou a pasta.