Consumidor terá leite mais caro

Jornal O Norte
16/07/2007 às 17:03.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:09

O consumidor que espera encontrar nos supermercados o leite com os baixos preços de 2006 vai se decepcionar. A escassez do produto no mercado interno e o bom momento para exportações têm forçado o preço do leite para cima. No último semestre, o aumento registrado foi de 15,42%. Para o presidente da comissão técnica de leite da Faemg- Federação de Agropecuária do Estado de Minas Gerais, Eduardo Dessimone, esta é uma ocasião única para o Brasil se firmar no mercado internacional.

Quanto à produção, o período é de adaptação para que os mercados internos e externos sejam abastecidos adequadamente. Durante o período de transição, o consumidor final ainda terá que suportar os preços elevados. Segundo o IBGE, o leite foi um dos itens que mais pesou na inflação de junho. O pasteurizado teve aumento de 12,4%. Quanto aos derivados, no fechamento do mês houve aumento do leite em pó (3,45%), queijo (2,77%) e leite condensado (2,74%).




(foto: divulgação)

A partir de outubro, quando acaba a entressafra, pode haver queda no preço do leite. Entretanto, Dessimone alerta que esta não é a única razão dos preços altos. A demanda externa está muito alta, o mercado mundial passa por uma situação semelhante à nossa, com falta de abastecimento. Afirma que o leite disponível aqui acaba indo para fora, e que a chave para o benefício dos consumidores e das exportações é o incentivo ao produtor.

- Se estimulado, o produtor aumenta sua produção para que esta seja capaz de atender todas às demandas – observa o dirigente, argumentando que este estímulo é dado através do preço pago aos produtores. Apesar das altas expressivas para o consumidor final, o preço pago aos produtores de leite só começa a melhorar agora. Atualmente, o preço médio pago pelo litro do leite está em torno de R$ 0,63 a R$ 0,65, um valor que começa a estimular a produção, diz.

QUEDA DE SUBSÍDIO AJUDA O PAÍS

A conjuntura internacional tem apresentado um quadro que, para o Brasil, pode ser um prato cheio. De acordo com a Faemg -Federação de Agropecuária do Estado de Minas Gerais, um dos fatores que contribuíram para deixar o leite brasileiro mais competitivo no exterior foi a redução do subsídio às exportações da União Européia.

O corte do governo europeu, acaba por aumentar os custos para os produtores daquele continente. Conseqüentemente, leite nacional se fortalece naquele mercado. Outro fator importante lembrado pelo técnico é o investimento feito por países da América do Norte, especialmente os Estados Unidos, na produção de etanol. Grãos como o milho, por exemplo, estão sendo aplicados para a conversão em etanol, ao invés de ser utilizado na ração de animais.

Na avaliação da Faemg, em função do etanol a plantação de grãos tem se tornado muito mais atraente nos EUA do que a pecuária leiteira, posto que os americanos são um dos maiores abastecedores de leite do mercado mundial, embora o investimento em energia possa estabilizar a atividade.

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