(Arquivo Hoje em Dia)
SÃO PAULO – Para coincidir com o Congresso Brasileiro do Aço, em São Paulo, o Instituto Aço Brasil divulgou ontem os números de desempenho do setor siderúrgico relativos a maio, que só seriam conhecidos no próximo dia 15. E também as previsões para o fechamento do ano. Eles não mostram qualquer reação dos volumes à mais grave crise já enfrentada pelo setor.
De janeiro a maio, a produção de aço bruto despencou 13,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior, para 12,326 milhões de toneladas. O desempenho do consumo interno foi ainda pior, com recuo de 18,4%, para 6,730 milhões de toneladas.
O desempenho da siderurgia poderia ter sido ainda pior, não fosse o aumento das exportações, que cresceram 21,1% no período, para 5,471 milhões de toneladas, e o recuo das importações em 62,7%, para 649 mil toneladas.
Diante dos péssimos resultados dos primeiros cinco meses do ano, a entidade revisou, para pior, suas projeções de desempenho para o fechamento do ano. A produção de aço bruto deverá recuar 6,8% na comparação com 2015 (a estimativa anterior era de 1%), para 31 milhões de toneladas; as vendas internas deverão cair 10% (estimativa anterior de 4,1%), para 16,3 milhões de toneladas, e as exportações deverão aumentar 5,2% (estimativa anterior de 2,3%), para 13 milhões de toneladas.
Segundo Marco Polo de Mello, presidente executivo do Instituto Aço Brasil, que representa as empresas siderúrgicas, a crise da siderurgia reflete a queda drástica nas vendas dos quatro principais segmentos da cadeia siderúrgica, que respondem por cerca de 80% do consumo interno de aço: as indústrias automotiva, de eletrodomésticos da linha branca, de máquinas e equipamentos industriais e a construção civil.
Ele disse que as exportações são, hoje, a única alternativa para contrabalançar o derretimento das vendas, já que não existe perspectiva de retomada das vendas internas para este e o próximo ano. Como reflexo da crise, as empresas do setor, que já tinham demitido 29,7 mil trabalhadores no biênio 2014/2015, agregarão outras 11,3 mil novas demissões até o final deste semestre.
Benjamin Baptista Filho, presidente da Arcelor Mittal, disse que a gravidade da crise atual se deve a conjunção de fatores negativos estruturais e conjunturais. Entre os primeiros estaria o excesso de capacidade instalada e produção no mundo (da ordem de 740 milhões de toneladas, sendo 400 milhões de toneladas somente na China), e a desaceleração da economia chinesa.