Toda festinha de Dia das Mães nas escolas é sempre igual: crianças cantando e dançando, mães na plateia chorando de emoção e tirando fotos. Para muitas mães, porém, não vai ser assim. Com o objetivo de contemplar alunos órfãos ou com pais gays, ou mesmo para ir na contramão no consumismo incentivado pela data, creches e escolas vêm abolindo a comemoração. Criaram o Dia da Família, mais inclusivo. No Facebook, as mães reclamam.
"É uma data comercial, e achei, num primeiro momento, que cancelar a festa seria algo bacana. Mas é muito válido que a escola explore o dia, despertando na criança essa vontade de, uma vez ao ano, demonstrar à sua mãe o que sente", acredita a publicitária Juliana Diogo, de 29 anos, mãe de João, de 8, cuja escola não tem mais o festejo, e de Arthur, de 1. "Se alguém desempenha essa função na vida da criança, uma vó, uma tia, uma madrinha, ela deve ser homenageada, sim, de maneira direta, no Dia das Mães."
Protestos
No Colégio Hélio Alonso, na zona norte do Rio, a mudança, há dois anos, levou a protestos. "As mães querem ouvir as crianças cantando, querem chorar. Mandaram bilhetes reclamando, postaram no Facebook", conta a diretora, Lúcia Assis. A escola resolveu fazer a festa da família neste sábado (e repetir a comemoração no sábado anterior ao Dia dos Pais).
As crianças de 2 a 10 anos cantarão uma música falando de amor e entregarão um cartão à figura materna.
"A gente entende que, independentemente da forma como a família está estruturada, sempre existe alguém que faz o papel da mãe e do pai. Mas as crianças que tinham mães ou pais ausentes, ou cujos pais não conseguiam chegar para a festa, que era no fim da tarde de sexta, ficavam muito tristes. A festa da família traz abordagem mais ampla, de aproximação com a escola", ela diz.
Criada há 45 anos, a Escola Dinâmica de Educação Moderna (Edem), na zona sul, só organizou essas festas nos primeiros anos. "Para quem não tem o pai ou a mãe, a ocasião evidencia esse buraco. Mas a motivação principal foi a vontade de sair desse jogo do consumo desenfreado. É um dia que só serve ao comércio", defende a psicóloga e pedagoga Judy Galper, diretora da Edem. O Dia da Família, realizado em setembro, acaba sendo "uma farra coletiva", com piquenique e oficinas, mas sem presentes.
Mãe de Laura, de 3 anos, que esse ano não terá festa na escolinha, a administradora Bianca Lima, de 26, prevê: vai sentir falta quando se deparar com as fotos de amigas também mães nas escolinhas de seus filhos nas redes sociais. "É sempre emocionante, fico naquela expectativa, sempre choro. O valor da mãe é muito importante. Mas não vejo muito problema com a substituição pela data da família." Na creche Amora, na zona sul, frequentada por bebês e crianças de até 5 anos, este será o segundo ano sem tributo às mães. As descontentes já se conformaram, mas fazem questão de ganhar lembrancinhas, aponta a diretora pedagógica, Claudia Castro. "A gente tem de acompanhar as mudanças da sociedade. Os alunos estão pintando cachepôs para entregar para toda a família."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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