(Maurício Vieira)
Quem tem a esperança de conseguir um trabalho temporário no fim do ano vai ter que esperar. A indefi-nição do cenário político nacional, que deixa a economia em compasso de espera, vai atrasar o início do processo seletivo para a contratação dos funcionários que tradiconalmente reforçam equipes de venda para o Natal –situação atípica para a melhor temporada de empregos temporários. Além disso, por conta da crise, o número de vagas ofertadas deve ser 1,7% menor em relação a 2017.
“A expectativa em torno do resultado das eleições tem segurado investimentos na contratação de temporários. Até o momento, não há como fazer previsões de negócios. Geralmente, as consultas começam em setembro, tendo em vista o aquecimento da atividade comercial nos meses seguintes”, observa o diretor da Conape, empresa de recrutamento, José Carlos Teixeira.
A previsão do empresário é de que as decisões sobre as contratações de temporários sejam tomadas somente após o Dia das Crianças, espécie de “termômetro” do que será o Natal. A Conape tem mais de 200 clientes ativos.
Esse adiamento deve ocasionar a queda de 1,7% nas contratações, conforme projeção da Confederação Nacional do Comércio. Em todo o Brasil, 72,7 mil trabalhadores devem ser contratados. Ano passado, foram 73,9 mil. O movimento natural seria de aumento das vagas. Conforme a Confederação, 20% das vagas costumam ser preenchidas até outubro. De 2010 a 2014, o comércio contratou média de 100 mil temporários para o Natal.
Com três lojas em Belo Horizonte, a Opus Papelaria e Livraria vai iniciar processos de seleção de candidatos somente a partir de outubro e para contratação apenas no início de dezembro, após o pagamento da 1ª parcela do 13º salário. A gerente da unidade Gutierrez, Maria Lopes, reforça que o atual cenário do mercado, com incertezas para o comércio, postergou essa decisão. “Com certeza, vamos contratar, mas não será de imediato”.
A diretora da Quatre Recursos Humanos, Daniela Vidigal, também não observou ainda demanda por temporários em setembro. Ela lembra que o processo de seleção nem sempre é rápido e, em muitos casos, o “novato” terá que passar por um treinamento antes de começar a trabalhar.
“A procura das empresas para esse tipo de contratação deve se intensificar em outubro, principalmente na área comercial, que gera o maior número de vagas temporárias”, afirma.
Aberta há cinco meses no Prado, a loja de suplementos Bionutra vai esperar um pouco mais. Além das definições eleitorais, a demanda da Black Friday, prevista para 23 de novembro, será decisiva para a decisão sobre as contratações temporárias. “Será a prova de fogo para ver se damos conta com o expediente atual ou se vai ser preciso contratar mais gente até o fim do ano”, afirma o vendedor Fernando Luiz Rodrigues.
Por enquanto, o comércio tem focado apenas na reposição das vagas em aberto. Nos últimos dois meses, o Itaú Power Shopping, por exemplo, divulgou 21 vagas de trabalho. No período, foram cadastrados 5.104 currículos, média de 243 para cada colocação. No entanto, as vagas são apenas para reposição. </CW>