Corpo de médica do Exército é enterrado no Rio

Marcelo Gomes
30/01/2013 às 21:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:30

"Minha filha, eu fiz tudo que pude na vida para fazer você feliz: dei carinho, apoio. Sempre estive por perto", desabafou Maria Cristina Dias de Mattos, abraçada ao caixão da filha, a capitão do Exército Daniele Dias de Mattos, de 36 anos, morta domingo (27) no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), e sepultada nesta quarta-feira no Cemitério de Inhaúma, zona norte do Rio de Janeiro.

Cerca de cem pessoas, entre parentes e amigos, compareceram ao enterro, que contou com honras militares. Além de salva de tiros e toque de corneta, militares do 1º Batalhão de Guarda do Exército, conhecido como Batalhão do Imperador, carregaram o caixão até o túmulo.

Durante o trajeto entre a capela onde ocorreu o velório e a sepultura, que levou cerca de 15 minutos, a filha de Daniele, Anna Carolina, de 14 anos, chorava bastante e precisou ser amparada. Vestindo uma camisa preta com a foto da oficial, a adolescente carregava flores e uma bandeira do Brasil. A jovem passava férias nos Estados Unidos com o avô materno, Sérgio Pires de Mattos, e retornou terça-feira (29) para comparecer ao sepultamento da mãe.

Daniele era cardiologista do Hospital Central do Exército (HCE), em Triagem, zona norte do Rio, desde março do ano passado. Antes de retornar à cidade onde nasceu, a oficial trabalhou desde dezembro de 2005 no Hospital de Guarnição de Santa Maria.
"Daniele se importava a tal ponto com os pacientes que até perdia a hora do almoço. Acredito que, justamente por estar preparada para socorro de emergência, ela deve ter tentado salvar alguém e acabou morrendo. Era uma pessoa simples e especial. Estamos arrasados", disse a fisioterapeuta Silvia Nobre, que trabalhava com a oficial no setor de reabilitação cardíaca do pós-operatório do HCE.

A cardiologista, que estava de férias em Santa Maria, voltaria ao trabalho nesta quarta. Parentes disseram que ela retornaria ao Rio na sexta-feira, mas decidiu prorrogar sua estadia na cidade gaúcha até terça para ficar mais tempo com o noivo, Herbert Magalhães Charão, de 25 anos. Natural de São Sepé (RS), o rapaz cursava Terapia Ocupacional na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e também morreu no incêndio. Ele foi enterrado em sua cidade natal.
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