(Lucas Prates)
Com 17 partidos políticos ensaiando lançar candidatura própria, a campanha pela Prefeitura de Belo Horizonte caminha para a disputa mais pulverizada desde a primeira eleição direta para prefeito em 1985. Outros 12 não descartaram entrar na disputa e somente quatro legendas não têm intenção de disputar a sucessão. É o que aponta consulta feita pelo Hoje em Dia a presidentes de partidos e lideranças políticas. Com 12 postulantes, a última eleição mais concorrida foi em 1988 (veja quadro abaixo). A multiplicação de candidatos, escancarada nos últimos dias pela intensificação das negociações dos partidos, faz parte de uma estratégia dos campos políticos do governador Fernando Pimentel (PT) e do senador Aécio Neves (PSDB). A possível fragmentação é ainda uma forma encontrada pelos partidos para reagir ao forte desencantamento da população com as grandes legendas. No papel de protagonista na disputa, Lacerda tem dito que vai apoiar Josué Valadão, mas não está descartada a manutenção da aliança com os tucanos. Secretário de Obras, Valadão está de saída do PP para se filiar ao PSB. “BH é fundamental para as nossas pretensões”, diz João Lobo, presidente municipal do PSB. Com a negativa de Antonio Anastasia, os nomes mais cotados no PSDB são do ex-ministro Pimenta da Veiga e do deputado estadual João Vítor Xavier. Pimenta, por sua vez, refuta a intenção. “Ainda não estamos falando em nomes”, despista o deputado tucano Marcus Pestana. O PP, em decisão tomada na última segunda-feira, definiu que lançará o ex-governador Alberto Pinto Coelho ou o ex-presidente da Assembleia Legislativa Dinis Pinheiro. Alianças Ainda no arco de alianças de Aécio, o DEM, PDT e PPS têm como opções os deputados estaduais Gustavo Corrêa e Sargento Rodrigues e Luzia Ferreira, respectivamente. O PV aposta em Délio Malheiros, vice de Lacerda. Pelo campo governista, PT, PMDB, PCdoB e PRB pretendem entrar na disputa. Os peemedebistas ainda não definiram, mas os cotados são o empresário Josué Alencar, o deputado federal Leonardo Quintão, o secretário Sávio Souza Cruz e até o cartola Alexandre Kalil. Do lado petista, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, e o secretário de Planejamento, Helvécio Magalhães, braço-direito de Pimentel, estão no páreo. Patrus enfrenta resistência de outros grupos dentro do partido que defendem o lançamento de um nome novo, a ser escolhido pelo governador Pimentel. Seria um nome técnico que compõe o governo. Apresentador Já o PRB convidou e aguarda posicionamento do apresentador de TV e rádio Carlos Viana. O PCdoB vai de Mário Henrique Caixa, deputado e atual secretário de Turismo. Filiados a legendas nanicas, os deputados federais novatos Marcelo Álvaro Antônio (PRP) e Marcelo Aro (PHS) ameaçam entrar na disputa. Marcelo diz que já foi sondado pelo DEM, PRB, PR, PSD e PTN. Aro planeja ir pelo próprio PHS. O Solidariedade negocia a filiação à legenda do deputado federal Eros Biondini, que estaria de saída do PTB. O PEN, do deputado estadual Fred Costa, também promete concorrer, assim como o PSOL e o PSD. Os nomes, no entanto, ainda não estão definidos. Para especialista, pulverização reflete o descontentamento Embora considere que o momento é de marcação de território e de lançamento de balões de ensaio, para Paulo Diniz, doutor em Ciências Sociais e professor da PUC Minas, a tendência de pulverização na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte é um reflexo da crise política. “É sempre uma possibilidade, levando em conta o enfraquecimento do PT, principalmente, e a desconfiança geral da população em relação aos grandes partidos”, explica. “Essa tendência de fragmentação das candidaturas é mais latente agora do que na última eleição. Isso porque, de lá para cá, nós tivemos as manifestações de 2013, seguida dos novos casos de corrupção em 2014 e 2015”. Segundo o especialista, a ausência de um grande nome reforça a tese da estratégia de pulverização. “Sem uma voz ressonante, vão surgindo candidaturas de todos os lados. Os partidos estão se apresentando, analisando a conjuntura. Na hora da definição, o número de candidatos deve diminuir, mesmo porque existe o sério risco de esses partidos não conseguirem uma composição futura e saírem enfraquecidos da disputa”. Para Paulo Diniz, a possibilidade de surgir uma liderança nova é praticamente nula. “Está faltando pouco mais de um ano e ninguém surgiu. Pode até aparecer um candidato que gere tumulto, agite a campanha, mas dificilmente vai se sustentar até o final”. De acordo com o doutor em Ciências Sociais, a maior possibilidade é de alinhamento em bloco em torno das lideranças mais conhecidas. • 70 é o número de candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte de 1985 a 2012 • PRB é a mais nova legenda a decidir lançar candidatura própria. Congresso realizado ontem na capital optou por voo solo • Pela lei, o pré-candidato tem até o dia 1º de outubro, um ano antes do pleito, para definir a filiação partidária