Grupo teria movimentado R$ 15 milhões em menos de um ano
Delegado responsável pelo inquérito, Fábio Gabrich (PCMG/Divulgação)
Três pessoas de 21, 30 e 61 anos foram presas em Santa Luzia, na Grande BH, suspeitas de integrar um bando especializado em estelionato e lavagem de dinheiro. Dentre os detidos está um ex-vereador da cidade. Um quarto integrante do grupo, de 31, é considerado foragido da Justiça. Conforme a Polícia Civil, eles teriam movimentado R$ 15 milhões em menos de um ano.
Segundo a Polícia Civil, as investigações começaram em 2022, quando uma primeira vítima descobriu que um automóvel de luxo, que não era dela, estava registrado em seu nome. As apurações deram conta de que o ex-vereador, de 61 anos, era chefe da vítima em uma empresa.
O homem utilizou os documentos dela para realizar um financiamento fraudulento no valor de R$ 100 mil com um banco. O contrato foi obtido apenas mediante decisão judicial, após a constatação de que o endereço cadastrado no financiamento era, na verdade, do suspeito.
“Ao longo da investigação, diversas vítimas procuraram a Polícia Civil relatando que haviam emprestado seus nomes e CPFs para o grupo criminoso, que prometia o pagamento de vantagens financeiras e a quitação rápida dos financiamentos, o que nunca ocorria. Em alguns casos, os veículos financiados sequer estavam à venda, revelando uma prática sofisticada de fraude”, destacou o delegado responsável pelo inquérito, Fábio Gabrich.
Com a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos envolvidos, a Polícia Civil descobriu que o grupo movimentou os R$ 15 milhões, valores incompatíveis com os rendimentos declarados. “O suspeito de 30 anos, por exemplo, recebeu auxílio governamental em 2021 apesar de ter movimentado milhões de reais no mesmo período”, ressaltou o delegado.
A PC apurou que o grupo criminoso operava de três formas distintas. Na primeira, utilizava CPFs de "laranjas" para financiar veículo de forma fraudulenta. O valor obtido com o financiamento era repassado ao grupo, e as parcelas não eram pagas, deixando a dívida no nome das pessoas que emprestaram seus dados.
Na segunda forma de atuação, após conseguir o financiamento, o grupo vendia o veículo com dívida (alienação fiduciária) para terceiros, obtendo lucro duas vezes: tanto com o valor do financiamento quanto com a venda do carro.
Já em outra modalidade de fraude, o grupo realizava financiamentos em nome de terceiros, sem que esses veículos estivessem realmente à venda, e embolsava o valor financiado. “A vítima, muitas vezes, nem sabia que seu veículo havia sido usado no esquema e acabava com uma dívida e um gravame [dívida vinculada ao carro] em seu nome”, esclarece Gabrich.
De acordo com as informações obtidas pela Polícia Civil, a organização criminosa possuía uma estrutura bem delineada, com funções cuidadosamente distribuídas entre os membros, abrangendo desde a captação de "laranjas" até a comercialização dos veículos adquiridos de forma fraudulenta.
Vinte e nove policiais civis participaram da operação.
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