Crédito imobiliário e sua importância para o desenvolvimento

Do Hoje em Dia
17/01/2013 às 06:12.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:42

O mercado imobiliário ganhou fôlego novo com o anúncio da Caixa Econômica Federal de redução das taxas de juros para financiamento de imóveis com valor acima de R$ 500 mil. E também com a possibilidade de o governo vir a elevar para R$ 750 mil o valor dos imóveis que podem ser comprados com o saldo do FGTS, à vista ou com financiamento pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

A Caixa responde atualmente por 70% do crédito imobiliário brasileiro e pretende, com o anúncio, elevar ainda mais sua participação no mercado. Os bancos privados que financiam imóveis com valor acima de R$ 500 mil – ou seja, aqueles que estão fora do limite do SFH – não se mostraram preocupados com esse movimento competitivo desse grande banco estatal. Alegam que já praticam taxas semelhantes às anunciadas agora pela Caixa.

Nos últimos dois anos, os financiamentos para imóveis de maior valor aumentaram de 12,6% do total do mercado, para mais de 18%. No Bradesco, em 2010, menos de 25% dos imóveis financiados tinham preço acima de R$ 500 mil; agora, são mais da metade.

Há uma explicação para isso: o preço dos imóveis aumentou muito por causa dos incentivos dados pelo governo ao crédito. Além disso, conforme o Banco Central, o número de clientes da rede bancária brasileira se ampliou, desde 2005, em mais de 42 milhões de novos clientes. São pessoas que saíram do mercado informal de trabalho e ganharam condições de abrir contas em bancos e terem acesso ao crédito.

Os bancos temem que essa avassaladora massa de novos clientes represente maior risco de inadimplência, quando, na verdade, ela significa mais oportunidades. Em vez de tentar cobrar juros abusivos desses clientes inexperientes, deveriam procurar fazer o oposto. Certamente não vão se arrepender. Foi vendendo para pagamento em 30 dias, a donos de armazéns e pequenas vendas localizadas até em favelas, que o empresário mineiro Alair Martins, que apostou na confiança, se tornou o maior atacadista do país – e dono de banco!

O governo tem motivos para continuar incentivando o crédito e o mercado imobiliário, pois ambos são importantes para o desenvolvimento do país. Mas necessita encontrar uma forma de conter a especulação imobiliária, para que os preços dos imóveis sejam compatíveis com o poder aquisitivo da população. A Caixa não pode vir a ter o mesmo destino do Banco Nacional de Habitação, criado em 1964 e que durou apenas 22 anos, por excesso de otimismo.

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