Criação do Mineiro Ziraldo faz seis décadas em 2020; filme antecipa comemorações

Paulo Henrique Silva
23/09/2019 às 08:45.
Atualizado em 05/09/2021 às 21:53
 (Divulgação)

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Prestes a lançar um documentário sobre a Turma do Pererê, série que reúne vários personagens criados pelo cartunista mineiro Ziraldo, o produtor Tarcísio Vidigal salienta que o filme representa a possibilidade de “lembrar um momento do Brasil que não volta tão cedo”, referindo-se ao cenário pré-ditadura militar que marcou os quatro anos de circulação da primeira revista de quadrinhos nacional em cores de um único autor.

Entre outubro de 1960 e abril de 1964, o país “vivia um momento alegre, com a Bossa Nova na música, o Cinema Novo e a poesia concreta na literatura, e a revista chegou para ilustrar este Brasil”, registra Vidigal, que não é noviço no assunto Ziraldo. Em 1995, ele lançou o longa infantil “Menino Maluquinho – O Filme”, baseado em outra série famosa do desenhista nascido em Caratinga. O trabalho foi dirigido por Helvécio Ratton.

A revista foi retirada de circulação em 1964 por ser considerada “ideologicamente ameaçadora à democracia”. Na década de 1970, a Abril publicou dez números. Em 1998, ganhou uma série de 20 episódios na TV, dirigida por André Alves Pinto, filho de Ziraldo

“Em 1975, dirigi um curta de dez minutos sobre ele e ficamos amigos. Desde então já vinha buscando produzir filmes sobre os personagens de Ziraldo”, observa. A Turma do Pererê tem um cantinho especial no coração de Vidigal. “Sou colecionador de quadrinhos e recentemente escaneei todas as capas da revista para uma exposição. Ziraldo ficou impressionado, pois ele nunca tinha visto as 43 edições de uma vez, na parede”, lembra.

História

Um dos aspectos ressaltados no documentário “A Turma do Pererê.doc”, com estreia em 3 de outubro, é a importância histórica da revista. “Naquelas páginas, ele criava histórias fantásticas que retratavam o futebol, a política e as celebridades da época. Ziraldo citava todo mundo”, afirma. Numa dessas edições, recorda, o saci viaja para Marte e, chegando lá, encontra uma cidade que é, na verdade, a então recém-inaugurada capital federal, Brasília.

“A Turma do Pererê” se passa na Mata do Fundão, reunindo personagens como o saci Pererê, a onça Galileu, o macaco Alan, o jabuti Moacir, o tatu Pedro Vieira, o coelho Geraldinho e o índio Tininim, muitos deles baseados em amigos de Ziraldo. 

Com esta publicação, Ziraldo influenciou gerações de desenhistas. “O que me fez produzir este filme foi o fato de termos pouca memória e, após seis décadas, é preciso mostrar ‘A Turma do Pererê’ para os mais novos”, destaca Vidigal, que não descarta a possibilidade de fazer uma animação com os personagens. “De Ziraldo dá para fazer filme que não acaba mais”, enaltece o produtor. Com o documentário, dirigido por Ricardo Favilla, ele espera dar um grande presente ao autor, que completará 87 anos em 24 de outubro.Divulgação / N/A

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