Crise desenha novo mapa do emprego em Minas

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
joliveira@hojeemdia.com.br
01/08/2016 às 07:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:05
 (Divulgação)

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O Brasil fechou mais de 530 mil vagas de empregos formais no primeiro semestre deste ano. Na média, foram dispensados 2.944 trabalhadores com carteira assinada por dia. Em Minas, no mesmo período, as demissões superaram as contratações em 6.436 vagas. Mas em meio ao mar de desemprego, ainda existem algumas poucas cidades que representam ilhas de oportunidades, principalmente no agronegócio e na indústria de calçados. Os empregos ofertados não são de grande qualidade, mas ao menos apontam para um dinamismo de economias locais que caminham na contramão da crise. 

Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho, de janeiro a junho deste ano o setor agropecuário criou 50.118 vagas (admissões menos demissões). O montante é quase dez vezes maior que o de ensino, que aparece na segunda colocação, com 5.675 postos de trabalho criados. Em seguida, está a indústria calçadista, com saldo de 4.262 contratações. 

Campeã

Maior polo de fabricantes de calçados de Minas, Nova Serrana, no Centro-Oeste do Est[/TEXTO]ado, abriu 3.271 de janeiro a junho deste ano, o que deu à cidade o título de maior geradora de vagas no período, em Minas. Segundo o empresário e dono da Cromic, Júnior César Silva, que já ocupou o cargo de presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), a mudança no portfólio tem ajudado a alavancar as vendas e, consequentemente, as contratações. 

“Durante muitos anos, nosso forte eram tênis esportivos. Hoje, a produção é muito mais voltada para calçados femininos”, afirma. Silva diz ainda que, normalmente, as fábricas da cidade concedem férias coletivas em dezembro e janeiro, quando também acontecem demissões. A partir de março, a produção esquenta e há retomada nas contratações. 

“A situação está melhorando. Como a maioria das empresas fabrica calçados populares, acabamos ganhando mercado em tempos de crise”, diz. O município abriga cerca de 800 fábricas de calçados. Aproximadamente 90 milhões de pares são produzidos anualmente, com geração de 20 mil empregos diretos e outros 22 mil indiretos.

Em atividade desde 1993, a Cromic contratou apenas em julho 20 funcionários. E o proprietário diz que mais 15 trabalhadores devem ser admitidos no próximo mês, totalizando um quadro de 115 colaboradores. “No primeiro semestre deste ano, tivemos um aumento de 20% no faturamento. Deixamos de produzir calçados esportivos para focar no público feminino. E no inverno temos as botas, o produto de maior valor”, diz Silva. 

Colheita antecipada do café abre postos temporários

Em um cenário de terra arrasada, a agropecuária surge como a salvação da lavoura. E se a crise derruba empregos com carteira assinada, o café pode ser a oportunidade de trabalho que muita gente procura. 

No ranking de cidades que mais abriram vagas em Minas no primeiro semestre (veja infografia), quase todas elas, à exceção de Nova Serrana, no Centro-Oeste, e Iturama, no Triângulo, cujo carro-chefe é a cana-de-açúcar, têm o plantio do grão como propulsor da economia. 

“Minas é o maior produtor nacional de café. Em função de alterações climáticas, a colheita neste ano foi antecipada, com início em abril, o que acabou gerando uma grande demanda por mão de obra em muitos municípios produtores”, explica a analista de Agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Ana Carolina Gomes. 

A estimativa é que sejam colhidas no Estado aproximadamente 28 milhões de sacas, quantia superior às safras passadas, quando a seca atrapalhou a lavoura. 
Grande produtora do grão, Patrocínio, no Alto Paranaíba, criou 1.904 novos postos de trabalho nos primeiros seis meses deste ano. 

“De maio pra cá, tivemos uma arrancada na empregabilidade graças ao agronegócio”, diz o prefeito Lucas Campos de Siqueira. Cerca de 80% do pessoal foi contratado para trabalhar na colheita. O restante, no transporte e armazenamento.

E a expectativa do prefeito é boa para os próximos meses. Segundo ele, a implantação de uma mina de extração de fosfato da Vale no município deve gerar 600 empregos diretos. Além disso, está em fase final de construção a fábrica de laticínios Quatrelati, com a abertura de 200 vagas. Já o hipermercado Mart Minas, que chegará em breve, deve contratar 150 funcionários.

 




 

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