Custo de serviço funerário pode chegar a R$ 60 mil em BH

Rafaela Matias
rsantos@hojeemdia.com.br
20/07/2018 às 22:39.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:31
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

Já que a morte é uma das poucas certezas da vida, é melhor começar a se preparar para os custos que ela pode ter. Uma pesquisa realizada pelo site Mercado Mineiro, que avaliou 26 estabelecimentos a pedido do Hoje Em Dia, mostrou que o preço para realizar um funeral completo em Belo Horizonte pode chegar a R$ 60 mil, somando os valores gastos com velório, coroas de flores, urna e sepultamento.

Somente o caixão chega a custar R$ 32.250 nas versões mais requintadas, valor 2.380% superior ao menor preço encontrado, R$ 1.300. Já o gasto com o serviço funerário, que inclui organização de velório e transporte do corpo, vai de R$ 850 a R$ 3.280. 

Não há limites para o requinte fúnebre. Os mais abastados podem descansar em paz, por exemplo, em um caixão com revestimento interno de cetim, acabamento de luxo, babados dourados e coberto por madeira de lei – que apresenta maior resistência ao ataque de insetos e à umidade. Tudo pela bagatela de R$ 32 mil na Funerária Renascer, incluídos no preço o serviço funerário completo e coroa de flores. 

Clientes não faltam, assegura Marley José Silva, gerente de vendas da funerária. “É uma (venda) dessas por mês”, afirma. 

Um velório à mesma altura pode parecer, aos desavisados, uma festa. Na Funeral House, parentes e amigos são servidos com bufê completo de salgados e doces, incrementado com espumante Chandon (R$ 3 mil para 150 pessoas, com dois garçons e quatro horas de duração). Um scotch bar fica à disposição dos convidados, que podem se servir de vinhos tintos e whisky enquanto se despedem do ente ou amigo querido ao som de um coral, dois violinistas e um flautista. Chuva de pétalas de rosas encerra o momento que antecede o sepultamento ou a aspersão das cinzas (por R$ 4 mil, feita com helicóptero). 

“Se alguém não puder ir pessoalmente, oferecemos a transmissão on-line do velório”, arremata Gleide Braga, gerente administrativa da Funeral House. Como lembrança de luto, o tradicional santinho disputa a preferência das famílias com o bem-velado, uma espécie de bem-casado em formato quadrado, para diferenciar daquele servido em casamentos.

Outra regalia, um Cadillac de 1974, pode ser alugado para traslado da urna em grande estilo. O cortejo custa R$ 1.200 dentro da Grande BH. 

Pacotes básicos
As cifras do serviço VIP impressionam, mas as versões mais simples também não são baratas. O pacote básico da Funerária Santa Casa, por exemplo, sai por R$ 2.500. Sem contar o jazigo: a partir de R$ 16.200, no Bosque da Esperança. O cemitério justifica o preço salgado: o mesmo espaço pode ser usado por toda a família, mediante pagamento de uma taxa de manutenção de R$ 126 ao ano.

Para não deixar uma dívida aos herdeiros, há quem opte pelo plano funerário e comece a pagar bem antes do último suspiro. No plano individual, sai a partir de R$ 2.800 e pode ser parcelado em até 12 vezes. O valor, porém, não inclui a taxa de sepultamento ou cremação. 

Já o pacote completo custa R$ 70 por mês e contempla cônjuge, filhos, pai e mãe do comprador. A mensalidade cessa quando o último do grupo se for. 

Famílias carentes recorrem ao serviço social da prefeitura

Se de um lado há o mercado de luxo voltado para o funeral de abonados, na outra ponta estão pessoas que não podem pagar nem por um velório simples. Diariamente, duas famílias recorrem ao auxílio prestado pela Prefeitura de Belo Horizonte para enterrar entes. No ano passado, foram 713 sepultamentos subsidiados. O custo seria de R$ 2.500, segundo a Gerência de Benefícios Sociais da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, mas o serviço é feito por meio de uma parceria com a Funerária Santa Casa, que realiza o pacote gratuitamente.

Os enterros são realizados em três cemitérios públicos da cidade: da Paz, da Saudade e da Consolação. Além da isenção da taxa de sepultamento no cemitério, o benefício também inclui uma urna, a ornamentação do corpo, o tratamento químico e o transporte. 

A realização do velório nem sempre é possível, pois depende da disponibilidade da funerária. A cova pode ser utilizada pelo período de três anos. Depois disso, é preciso pagar pela manutenção ou os ossos são retirados, identificados e guardados em outro local.

Para fazer a solicitação, a família precisa se dirigir a qualquer serviço de proteção social básica regional ou à própria Secretaria Municipal de Assistência Social, que possui plantões de atendimento aos fins de semana e feriados (Rua dos Tupis, 149, 11º andar, Centro). É necessário apresentar certidão de óbito, baixa do cartório e documentos que comprovem a necessidade da gratuidade. 

Indigentes

O enterro de indigentes, quando não se sabe o paradeiro da família, é feito nos mesmo moldes, em cemitérios públicos e com o auxílio da Santa Casa. Neste ano, foram 140 sepultamentos de indivíduos “desconhecidos”, segundo a Polícia Civil. 

São encaixados neste perfil todos aqueles corpos que permanecem por mais de dez dias no Instituto Médico Legal (IML) sem que haja reclamação por parte dos familiares. 
 

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