De botão do pânico a vacina grátis contra a dengue, candidatos têm ideias ousadas para ganhar votos

Janaína Oliveira
joliveira@hojeemdia.com.br
23/09/2016 às 22:36.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:57
 (Editoria de Arte)

(Editoria de Arte)

Candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte apresentaram propostas ousadas nos planos de governo publicados no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Entre as ideias defendidas pelos quatro principais postulantes ao cargo de prefeito aparecem desde a distribuição do “botão de pânico” para mulheres agredidas pelos maridos até 100% de vacinação contra a dengue e formação de alunos poliglotas.

Líder nas pesquisas, o tucano João Leite quer implementar, se eleito, o dispositivo de segurança para vítimas de violência doméstica. O equipamento eletrônico, chamado de “botão de pânico”, permitirá que as mulheres acionem uma central de monitoramento em caso de aproximação do agressor.

No documento de 25 páginas, João Leite compromete-se a criar o monitoramento individualizado de pacientes com doenças crônicas. Outra promessa é levar o escotismo para as nove regionais da capital.

No campo da mobilidade, o tucano promete instalar bicicletários e vestiários em pontos estratégicos e afirma que vai implementar o corredor de Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) entre a Rodoviária e a Cidade Administrativa, no regime de PPP.

O custo para implementação do VLT é menor do que o do metrô, porém, especialistas calculam que um projeto de trens leves exige, pelo menos, R$ 37 milhões por quilômetro.

Já a aposta de Reginaldo Lopes (PT) é fazer o metrô chegar ao Barreiro e cidades como Contagem, Betim, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, Vespasiano e Ibirité.

O programa de 11 páginas mostra ainda que, uma vez por semana, a prefeitura será transferida para cada uma das regionais. E o prefeito e os secretários se deslocarão até lá por meio de transporte público.

Festival de bobagens

Para Carlos Ranulfo, professor do Departamento de Ciências Políticas da UFMG, os candidatos lançam propostas “mirabolantes” para ver o que vai dar.

“Essa campanha está muito pobre, ruim mesmo. Como o tempo é curto, não existe o contraditório. Cada candidato fala o que quer e o que se vê é um festival de bobagens, de planos inconsistentes”, diz.

Ele espera, entretanto, que no segundo turno o eleitor possa ver uma campanha melhor. “Aí talvez poderemos ter espaço para o debate e para questionamentos mais aprofundados”, afirma.

Alunos bilíngues

Segundo colocado nas pesquisas, Alexandre Kalil (PHS) diz que, na sua gestão, os alunos do ensino fundamental e médio deverão dominar a língua inglesa e/ou espanhola.

A ideia de tornar os alunos bilíngues é parecida com o que já ocorre nas salas de aula da Holanda, por exemplo, onde as escolas educam em dois idiomas. Kalil propõe também o ensino de conceitos de empreendedorismo desde os primeiros anos de ensino.

Vacina contra H1N1

Entre os compromissos firmados nas 47 páginas, o ex-presidente do Atlético diz que vai vacinar 100% da população de risco contra a dengue. Para a imunização, é preciso receber três doses, o que, nas clínicas particulares, chega a custar R$ 900.

A vacinação contra o vírus H1N1 de todos os cidadãos vulneráveis também consta no plano de governo do ex-cartola. Neste caso, o preço da dose na rede particular é de R$ 110.

Já Délio Malheiros promete concluir o que não foi finalizado na gestão do prefeito Marcio Lacerda (PSB), como o pleno funcionamento do Hospital do Barreiro e o término das obras da Via 710 e do Boulevard Arrudas.

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), Carlos Manhanelli, campanhas políticas são feitas de esperança. O eleitor dá o voto em troca da crença em uma melhor condição de vida. “Muitos candidatos sabem que é impossível implementar o que prometem porque não há dinheiro. Mas ainda existe uma parcela da população que acredita em tudo”,

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