Delator complica Aécio: propinas teriam sustentado eleição para a presidência da Câmara

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
15/06/2016 às 21:07.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:55
 (Estadão Conteúdo)

(Estadão Conteúdo)

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi um dos mais atingidos pela bombástica delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, na Operação Lava jato, à qual o Hoje em Dia teve acesso.Também são citados o presidente interino Michel Temer (PMDB) e pelo menos outros 18 políticos.

No documento, Machado joga luz sobre um suposto esquema que levou à eleição de Aécio à presidência da Câmara dos Deputados e afirma que a prática do deputado de receber propinas era frequente. Sobre a eleição de Aécio à presidência da Câmara dos Deputados, em 2000, Machado afirma que o político mineiro e o então senador e presidente do PSDB Teotônio Vilela, já falecido, armaram um esquema de captação de recursos nas eleições de 1998 com objetivo de viabilizar a vitória de candidatos que viessem a apoiá-lo na liderança da Câmara. À época parlamentar, Machado ocupava o posto de líder dos tucanos no Senado.

“A maior parcela dos cerca de R$7 milhões arrecadados à época foi destinada ao então deputado Aécio Neves, que recebeu R$1 milhão em dinheiro”, disse o delator, que, na sequência, complementa que “com frequência, Aécio recebia esses valores através de um amigo de Brasília que o ajudava nessa logística”. 

Boa parte desses recursos, afirma o documento, seria repassada em espécie. Uma parcela teria origem no exterior, além de repasses de empresas com contratos com a Transpetro. Ainda de acordo com o delator, parte dos recursos viria de Furnas, onde Aécio teria grande influência. “Todos do PSDB sabiam que Furnas prestava grande apoio ao deputado Aécio via o diretor Dimas Toledo, que era apadrinhado por ele durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Dimas Toledo contribuiu com parte dos recursos para a eleição da bancada da Câmara à época”, diz Machado em anexo da delação totalmente dedicado à eleição da Câmara em 2000.

Essas ações, durante a campanha de 1998, além de articulações nas eleições municipais de 2000, afirma Machado, contribuíram para que o PSDB chegasse a 99 deputados na Câmara, abrindo caminho para a presidência de Aécio na Casa, o que serviria para estruturar a base de apoio ao então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso no Congresso.


Defesa

Em nota, o senador Aécio Neves afirmou que as acusações são “falsas e covardes”.  De acordo com o ex-governador de Minas, as afirmações partem “de quem, no afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, não hesita em mentir e caluniar”.

Qualquer pessoa que acompanha a cena política brasileira sabe que, em 1998, sequer se cogitava a minha candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, o que só ocorreu muito depois”, apontou o senador. 

Também em nota, o PSDB afirmou que “as mentiras ditas e que fazem referência a nomes do PSDB na articulação e recebimento de recursos de caixa 2, na campanha eleitoral de 1998, são afirmações feitas no desespero de quem está tentando se livrar da responsabilidade pelos crimes que cometeu. São afirmações descabidas e contraditórias, que não guardam qualquer relação com os fatos políticos da época”, diz a nota do partido. 

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