Depois da fraude, leite longa vida continua colhendo frutos

Valéria Esteves


Repórter

Começa a entressafra do leite e o mercado já demanda leite in natura no Brasil. Nem bem se terminou a apuração da fraude envolvendo cooperativas agropecuárias do Triângulo Mineiro, e o leite longa vida já está novamente nas prateleiras.

Segundo a ABLV- Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida o preço do leite longa vida já aumentou cerca de 20 % no primeiro trimestre e deve continuar em alta em 2008. A previsão tem como base não só a entressafra que se inicia e reduz a quantidade de leite in natura produzido e disponível para beneficiamento, como também a valorização do mercado mundial de lácteos, cuja produção ainda está aquém da demanda. Esses fatores, aliados ao aquecimento do mercado interno, deverão sustentar o preço do leite e de seus derivados, entre os quais o longa vida, em níveis próximos dos registrados em 2007.

Enquanto isso, os produtores norte-mineiros estão preocupados com esse período de entressafra temendo a falta do leite nos meses vindouros. 

Depois do escândalo envolvendo cooperativas que processam leite em Uberaba o Mapa- ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, colocou os fiscais agropecuários de olhos bem abertos quanto a qualquer indício de irregularidade na mistura do leite em todos os estabelecimentos que processam o produto no Brasil.

Apesar disso, os produtores estão há anos reclamando do preço pago ao leite. Afirmam que investem muito em alimentação, vacinação dos animais e não há diminuição no custo produção. 

O Mapa informou que as cooperativas que cometeram o crime de adição de soda cáustica ao leite Longa Vida em Uberaba foram a Coopervale- Cooperativa dos Produtores de Leite do Valor do Rio Grande, e pela Casmil- Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro, que fica no município mineiro de Passos.

A secretaria de Defesa Agropecuária do ministério informa que as indústrias que recebem o leite produzido pelas duas cooperativas autuadas são fiscalizadas, e seus produtos passam por análises laboratoriais para verificação da qualidade da matéria-prima que utilizam, como também do produto final distribuído aos consumidores.

CRESCIMENTO

A produção de leite do Brasil deve crescer 4% nesse ano, em relação ao ano passado. A estimativa é da Confederação Brasileira das Cooperativas de Leite, que previu para 2007 uma produção de 26 bilhões e 100 milhões de litros do produto. Mas com tantas intempéries nada se sabe sobre o futuro do leite, exatamente este ano, onde várias regiões do Brasil sofreram com a morte de milhares de animais no pasto.

O Brasil produziu no ano passado cerca de 1 bilhão de litros de leite a mais que no ano de 2006, quando a produção nacional alcançou 25 bilhões e 100 milhões de litros. Mesmo com o avanço da produção de cana em áreas ocupadas por pastagens, as apostas da Confederação Brasileira das Cooperativas de Leite são otimistas para o mercado de lácteos.

- Estamos observando uma valorização mundial de todas as commodities e o leite em pó também tem acompanhado essa tendência. No ano passado, chegou a dobrar de preço. Atingiu US$ 5,5 mil a tonelada. Atualmente, está na casa de US$ 4,3 mil, colocando o leite em geral num novo patamar de preços. Hoje, o mercado de lácteos continua aquecido e o leite longa vida, estando nesse contexto, acompanha a tendência de alta, afirma Nilson Muniz, diretor executivo da ABLV.

A valorização dos produtos lácteos pode ser demonstrada também pelos dados do Mapa. Em 2006, o Brasil exportou 99 mil toneladas de lácteos, que geraram uma receita de US$ 169 milhões de dólares. Em 2007, as exportações de lácteos aumentaram apenas cinco mil toneladas e a  receita, por sua vez, foi de US$ 300 milhões. (com agência)