ANGERS (França) - O processo por "apologia ao crime contra a Humanidade" do deputado Gilles Bourdouleix, que afirmou que "Hitler talvez não tenha matado ciganos o suficiente", começou nesta quinta-feira (23) em um tribunal de Angers (oeste da França) à revelia. Em 21 de julho de 2013, o deputado centrista mudou-se para terras agrícolas que eram ilegalmente ocupadas por uma centena de caravanas de ciganos. Após uma áspera discussão com os ciganos, ele disse a um repórter que "Hitler talvez não tenha matado ciganos o suficiente". No tribunal, seu advogado, Pierre Brossard, solicitou nesta quinta-feira a anulação do processo, argumentando que um "discurso implica um público" e que "quando Gilles Bourdouleix proferiu a frase não se dirigiu a ninguém (...), ele murmurou" e "murmurar é falar entre os dentes". Os advogados dos autores da ação pediram para que a solicitação de anulação seja rejeitada. O promotor da República, Yves Gambert, pediu que o processo seja aberto sobre o mérito, e o juiz começou a ler a ata de acusação. A demanda de anulação será analisada posteriormente. A frase do deputado, publicada no dia seguinte pelo jornal regional Le Courrier de l'Ouest, causou um escândalo na França. Em um primeiro momento, Bourdouleix negou ter proferido a frase e questionou a veracidade da informação publicada pelo jornalista. Mas Le Courrier de l'Ouest revelou a gravação e, como parte de uma investigação criminal, a mesma foi autenticada por especialistas. O réu incorre a uma pena de cinco anos de prisão e a uma multa de 45.000 euros. Prefeito da cidade de Cholet (oeste) desde 1995 e deputado desde 2002, Gilles Bourdouleix deixou o seu partido, a União de Democratas e Independentes (UDI, centrista) depois do escândalo.