SÃO PAULO - Depois dos movimentos que tomaram as ruas, em junho passado, agora é a vez dos jovens se reunirem para ocuparem os shoppings. O grito de "vem pra rua", deu lugar ao "vem pro shopping". Os chamados rolezinhos, encontros de adolescentes nos centros de lazer, são agendados pelas redes sociais, a exemplo das manifestações do ano passado. As informações são da Agência Câmara Notícias.
Os organizadores definem esses atos como um "grito por lazer" e afirmam que não há qualquer intenção ilegal. Ainda assim, viraram alvo de investigações policiais e dividiram a opinião da sociedade. Agora, parlamentares querem debater os rolezinhos na Câmara.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) propõe a realização de uma audiência pública conjunta das comissões de Educação; Cultura e Segurança Pública para discutir o assunto. Ele avalia que, ao contrário das manifestações de junho, os rolezinhos não têm conteúdo político ou de protesto, mas pretendem incomodar.
"O que se trata é de criar espaços de lazer, cultura, encontro, oportunidades, para uma população tradicionalmente muito marginalizada e que encontrou nessa novidade, organizada pelas redes sociais, uma maneira de dizer "eu estou aqui"."
O deputado João Campos (PSDB-GO) concorda que o poder público deve refletir sobre o assunto e, principalmente, garantir locais adequados para lazer e cultura dos jovens. Ele defende, no entanto, o direito dos shoppings de se protegerem de atos que podem afastar clientes ou danificar o patrimônio de lojistas.
"Se começar a ocorrer crimes, danos ao patrimônio público, danos ao patrimônio privado, furtos etc. Aí, inverte-se o papel da polícia. A polícia passa a ter o dever de intervir, o Ministério Público de denunciar, a Justiça de condenar, daí por diante, porque nenhum direito é absoluto."