Criadouros do mosquito transmissor são encontrados até mesmo no entorno de unidades de saúde lotadas de pacientes com a doença
Lixo toma conta da calçada em frente à UPA Norte, na avenida Risoleta Neves (Fernando Michel)
O descarte irregular de lixo em meio às chuvas dos últimos dias multiplica o risco de dengue em Belo Horizonte. A ameaça ronda até mesmo o entorno de unidades de saúde lotadas de pacientes com a doença. Diante das condições favoráveis à proliferação do mosquito transmissor e das falhas do poder público em executar a limpeza, a epidemia avança na capital. Já são cinco mortes e 4,7 mil casos.
A falta de zelo de parte da população, que insiste sujar a cidade, é escancarada em frente à UPA Norte, na avenida Risoleta Neves. Do outro lado da pista, a poucos metros da entrada, todo tipo de entulho toma conta da calçada. É possível ver sacolas plásticas, tampinhas e garrafas PET, caixas de papelão e latinhas, só para citar alguns exemplos.
Na semana passada, o Hoje em Dia mostrou a busca por socorro na UPA Norte. A maioria dos pacientes vai à unidade com sintomas de dengue. Algumas aguardavam do lado de fora, sentadas na escada, devido à lotação – situação que se repetiu ontem.
Quem passa frequentemente pela região denuncia que o problema é recorrente. Morador de Santa Luzia, na Grande BH, o professor Rodrigo Silva, de 37 anos, vem à capital diariamente. O trajeto de carro é feito pela avenida Risoleta Neves. “Há lixo em vários pontos da via. Trechos da calçada e do canteiro central imundos toda semana”.
Do outro lado da cidade, na regional Barreiro, o problema se repete, próximo à linha do trem entre as ruas Antônio do Souza Gomes e Moçambique, na divisa dos bairros Lindéia e Tirol. Nem mesmo a Unidade de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV), que pode receber entulho, é capaz de conter a falta de educação de algumas pessoas. O entorno da placa indicando a proibição de jogar lixo na rua se transformou em bota-fora.
Na regional Barreiro, o problema se repete, próximo à linha do trem entre as ruas Antônio do Souza Gomes e Moçambique, na divisa dos bairros Lindéia e Tirol (Hoje em Dia)
O entulho espalhado pela cidade é um prato cheio para o Aedes aegypti, também transmissor da chikungunya e zika.
Recentemente, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, reforçou que o aumento crescente de casos da doença exige medidas adicionais por todas as instâncias de governo.
“É fundamental que os prefeitos e prefeitas intensifiquem os cuidados com a limpeza urbana, evitando o acúmulo de lixo e de água onde os mosquitos se proliferam. Da mesma forma, é essencial a ação dos governadores, apoiando seus sistemas de saúde”. Segundo o Ministério da Saúde, o repasse a estados e municípios foi ampliado em R$ 1,5 bilhão.
Por nota, a PBH reforçou que jogar entulho na via pública pode gerar multas. “Os pontos críticos de deposição clandestina de resíduos são limpos com frequência pela SLU, mas voltam a ficar sujos em seguida”, informou a administração municipal. São recolhidos, por ano, cerca de 130 mil toneladas de resíduos de deposições clandestinas.
Em BH há opções corretas para fazer o descarte. As URPVs recebem gratuitamente os resíduos que não são recolhidos pela coleta convencional, como entulho de construção e demolição, madeira, pneus, podas de árvores e jardins e móveis velhos, entre outros. Atualmente, são 34 unidades do tipo. Os endereços estão nesse link.
Quem presenciar a deposição clandestina de lixo pode registrar denúncia nos canais digitais da prefeitura, por meio do aplicativo APP PBH ou pelo Portal de Serviços da PBH.
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