(FLÁVIO TAVARES)
Eles não têm feriados, saem de férias quando é possível e, nas datas comemorativas, trabalham dobrado. Em 2016, os desafios dos comerciantes de Belo Horizonte vão além da correria diária. Driblar a crise econômica e continuar de pé é a grande meta. A expectativa é que datas como Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal e as tradicionais black friday e cyber monday esquentem as vendas no segundo semestre.
Mirian Gonçalves e os irmãos César Rodrigues e Moisés abriram a primeira loja Estação da Casa em 1995. “Os clientes tinham carnê naquela época. Hoje, cerca de 95% das vendas são feitas no cartão. Sou da época do fax, mas hoje as pessoas já chegam com tudo no celular”, descreve Mirian. Hoje, ela e os irmãos comandam seis lojas na capital.
Ela ainda conta que precisa mesmo é de dinheiro circulando. “A crise é grave. Em alguns momentos até vem o pensamento de fechar a loja. Mas o sentimento é muito ruim, são pessoas que estariam desempregadas. Aí, é apertar e segurar firme”, diz Mirian.
Para o diretor do Sindilojas BH, Cesar Albuquerque, o comerciante tem sempre que acreditar. “É levantar acreditando que vai conseguir lidar com a carga tributária, com as leis trabalhistas ultrapassadas e com o alto custo dos aluguéis. Somos o setor que mais gera emprego no país”.
Ele ainda explica que velhas táticas podem ajudar a contornar os números negativos. “Descontos à vista e promoções progressivas fazem parte de uma estratégia antiga do comércio”, complementa.
Maria Auxiliadora Teixeira de Souza, comerciante na Savassi há 26 anos, acredita que essa é uma das piores crises já enfrentadas. “As pessoas estão com muitas dívidas, e isso dificulta muito para o comerciante, além dos altos impostos”, explica a proprietária da loja Detalhe.
Otimismo
Para o segundo semestre, 55% dos comerciantes de Belo Horizonte acreditam na expansão das vendas, segundo pesquisa feita pela Fecomércio.
“O segundo semestre tradicionalmente é melhor para o comércio do que o primeiro semestre, no qual as vendas não foram boas nem em datas comemorativas”, aponta Guilherme Almeida, economista da Fecomércio/MG.