A semana começou com uma desilusão para os apoiadores do golpe de 2016, quando Luciano Huck anunciou que estava desistindo de sua candidatura à presidência. Já é o segundo balão de ensaio a despencar sobre a cabeça das elites conservadoras. Antes, o prefeito de São Paulo já havia sido abatido por sua própria ambição desmedida. Foi com muita sede ao pote! Como teria dito Tancredo Neves: “Esperteza, quando é muita, come o dono”.
As elites conservadoras não têm um candidato competitivo para as eleições presidenciais de 2018. De modo geral, não confiam em Jair Bolsonaro, único a demonstrar um potencial eleitoral significativo, mas com um perfil e histórico que causa calafrios em muitos. Em um eventual segundo turno, teria grandes dificuldades.
Nas últimas seis eleições presidenciais, o Brasil viveu a mesma disputa entre PT e PSDB. Esse embate pode ocorrer outra vez, em 2018. É até provável que ocorra. O problema para as elites conservadoras é que o presumível candidato tucano, Geraldo Alckmin, não costuma empolgar muita gente. Governador, pela segunda vez, do mais poderoso estado da federação, tendo já sido uma vez candidato à Presidência da República, empacou em algo como 8% das preferências dos eleitores.
Da primeira vez que foi candidato a presidente, conseguiu a proeza de ter menos votos no segundo turno do que no primeiro. Até dentro de seu partido é visto como um político excessivamente vinculado aos interesses de seu estado, como pudemos observar pelas declarações recentes do prefeito tucano de Manaus. Para completar, o PSDB está destroçado internamente e com péssima avaliação junto à população em geral.
De outro lado, tem-se o PT em pleno processo de recuperação de sua imagem junto aos eleitores, depois de ter sido massacrado nas eleições municipais de 2016. As pesquisas mais recentes mostram que a simpatia do eleitorado pelo partido já retornou à casa dos 20%. Ao mesmo tempo, o ex-presidente Lula tem pelo menos 35% das intenções de voto e, segundo todas as pesquisas, venceria qualquer concorrente em um eventual segundo turno. A completar o quadro desalentador para as elites conservadoras que promoveram o golpe de 2016, as pesquisas mostram que mais de 20% dos eleitores declaram que (na eventualidade de o ex-presidente não ser candidato) votarão em alguém indicado por Lula, percentual superior ao de qualquer outro nome pesquisado.
Esse quadro desesperador para os que sempre desejaram “uma democracia sem povo” (como costumava dizer Raymundo Faoro) pode levá-los a tentar evitar que o poder de escolher o chefe de governo retorne às mãos do povo. A possível retomada da discussão, no STF, da possibilidade de o Congresso poder votar uma emenda parlamentarista é um grande sinal de alerta!