(Paul Ellis / AFP)
MOSCOU – Os olhos de Didier Deschamps estão fechados para o passado. O presente, porém, traz memórias inevitáveis de acontecimentos transcorridos.
Ao longo da Avenida Champs-Élysées, em Paris, a multidão se aglomerou para ver a seleção francesa de volta a uma final de Copa do Mundo. E, pela segunda vez em três oportunidades, é o ex-volante quem tem o leme nas mãos.
Capitão do título único conquistado pelo país em 1998, quando herdou a braçadeira do suspenso Blanc, o atual treinador dos Bleus precisa reverter os ecos do fracasso de um passado mais recente.
Há dois anos, a França foi derrotada na final da Eurocopa, em casa, pelo “azarão” Portugal.
Vazias após aquele duelo continental, as ruas da Cidade Luz foram tomadas ontem pela alegria. E levaram o sisudo Deschamps a abrir um raro sorriso.
“Eu vi isso (fotos da Champs-Elyssé). São imagens que me trazem excelentes memórias. Mas é tempo de lembrar da vitória na semifinal, e não ainda na final. Temos uma grande privilégio de alcançar a decisão, mas nossa missão não acabou”, afirmou o técnico.
O ex-volante já estava no cargo de treinador quando a França deixou escapar o caneco da Euro num chute improvável do medíocre atacante Éder. Deschamps lembrou a dor daquele momento, que fortaleceu ainda mais a decepção de 12 anos atrás, na final do Mundial da Alemanha.
“Foi tão ruim não conquistar a Eurocopa, há dois anos, que queríamos muito ganhar hoje, saborear o gosto da vitória. Temos esse privilégio de dar alegrias às pessoas”, acrescentou.
Mas lembrar do passado não é tema para o comandante que completará 50 anos após a Copa. “Alguns jogadores nem haviam nascido quando ganhamos a Copa em 1998”, lembrou, referindo-se ao prodígio Kylian Mbappé.
Entretanto, é inevitável. Didier Deschamps chega à decisão do Mundial podendo entrar num clube com apenas duas cadeiras ocupadas: o brasileiro Mário Jorge Lobo Zagallo e o alemão Franz Beckenbauer, únicos campeões da Copa como jogadores e também como treinadores.
Um recorde que a ex-estrela da Juventus pode alcançar no domingo (15), nem que precise praticar um futebol pragmático.
“Enfrentamos um time muito atlético, forte, e alto (Bélgica). Defensivamente, eles se manejaram bem. Mas fomos melhores do que eles. Temos que ser pragmáticos e realistas. Eles tiveram mais o controle, mas planejamos feri-los. Poderíamos ter feito mais, mas não foi fácil. Estamos preparados para todo tipo de cenário”, declarou o técnico da seleção desde 2012 (outro recorde), quando substituiu justamente Laurent Blanc, depois de outro fracasso francês na Euro.