Dilma vê avanço em reforma do órgão executivo da ONU

Folhapress
26/09/2015 às 13:31.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:52

A presidente Dilma Rousseff reuniu-se neste sábado (26) em Nova York com os chefes de Estado do G4, grupo de países que faz campanha há mais de uma década para entrar no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Foi o primeiro encontro do tipo em 11 anos e, apesar de não haver no horizonte nenhuma perspectiva de reforma do órgão executivo da ONU, Dilma acredita que o esforço ganhará novo impulso.

O motivo do otimismo é a inclusão de um documento sobre a reforma do CS na pauta da 70ª Assembleia-Geral da ONU, que será aberta na segunda-feira (28). Além do Brasil, integram o grupo a Alemanha, o Japão e a Índia. No encontro ficou acertado que os quatro países intensificarão o esforço para tentar obter o apoio de mais nações.

O documento na ONU "facilita e viabiliza" a discussão sobre a reforma, disse a presidente. "Em cima disso, nós temos a necessidade de ampliar nossa ação comum", afirmou Dilma. "É isso o que faremos nas conversas com os chefes de Estado que visitam nossos países, que é nossa ação regional também, no sentido de construir esse consenso".

Ninguém espera, contudo, que a estratégia renda frutos a curto prazo. "Talvez fique para os seus filhos", disse a jornalistas Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais do Planalto, que integra a comitiva. Um dos principais entraves à ampliação é o veto da China,membro permanente do CS, que não aceita a entrada do Japão. Por isso, alguns analistas acham equivocada a estratégia do Brasil no G4.

Para Garcia, porém, agora é tarde para abandonar a aliança, criada em 2004. Mas ele afirma que três dos cinco membros permanentes do CS já manifestaram apoio à reivindicação do Brasil de entrar no clube –Rússia, França e Reino Unido. Os EUA apoiam a entrada da Índia.

Em nota conjunta, o G4 diz que a reforma do CS da ONU é necessária para atualizar o organismo e torná-lo mais eficiente. "Um Conselho de Segurança mais representativo, legítimo e eficaz é mais necessário do que nunca para lidar com os conflitos e crises globais, que têm proliferado nos últimos anos."

Em conversa com jornalistas na entrada do hotel em que está hospedada em Nova York, a presidente abordou também a crise dos refugiados na Europa e reiterou que o Brasil está aberto a eles. "O Brasil é um país de refugiados, meu pai era um refugiado da Segunda Guerra. Tivemos sempre uma relação de abertura", afirmou Dilma. "Somos um país continental. Todos os refugiados que quiserem vir trabalhar, viver em paz, ajudar a construir o país, criar seus filhos, viver com dignidade, nós estamos de braços abertos."

Hotel 'suspeito'

A reunião do G4 foi feita no Waldorf Astoria. Comprado em 2014 por investidores chineses com ligações históricas ao governo de Pequim, o tradicional hotel de Nova York passou a ser alvo de desconfianças da Casa Branca, em meio a acusações de espionagem entre os dois países.

Neste ano, o presidente americano, Barack Obama, decidiu não se hospedar no Waldorf Astoria como feito tradicionalmente por líderes dos EUA durante a Assembleia-Geral da ONU, que começa nesta segunda (28).

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