Disputa com Washington: as medidas brasileiras para enfrentar a crise mundial

Do Hoje em Dia
23/09/2012 às 07:15.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:30

Os Estados Unidos não têm razão ao reclamar das medidas que o governo brasileiro tem tomado para enfrentar a crise financeira internacional, como a elevação das tarifas de importação de uma centena de produtos industriais. É correta sua resposta à carta de representante do governo Barack Obama, acusando o governo Dilma Rousseff de protecionismo e acenando com possíveis retaliações.
 
Ao responder à carta, o chanceler Antônio Patriota explicou que o Brasil tem sido obrigado a enfrentar a valorização artificial do real e a enxurrada de importados a preços artificialmente baixos, devido à expansão monetária maciça e ao resgate de bancos e indústrias, por parte dos EUA e de outras nações ricas. E que o país não abdicará de seu direito de fazer uso de todos os instrumentos legítimos permitidos pela Organização Mundial de Comércio (OMC). Retrucou ainda que o aumento das vendas americanas para o Brasil seria mais justo, se o ambiente não estivesse distorcido “por desalinhamentos cambiais e escancarado apoio governamental”.
 
O superávit comercial norte-americano, em relação ao Brasil, vem crescendo desde 2009. Nos primeiros oito meses do ano passado, as exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 16,44 bilhões e as importações US$ 21,78 bilhões. EUA só perdem para Argentina e Rússia no número de medidas protecionistas adotadas. O governo brasileiro não faz mais que seguir o exemplo norte-americano. Na década de 1980, os EUA sofriam uma enxurrada de importados, porque o dólar estava valorizado e os juros altos. Washington reagiu, elevando as barreiras e não se importando com as reclamações dos demais países.
 
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou absurdas as acusações. Segundo ele, além das medidas diretas de protecionismo, o banco central norte-americano injeta recursos na economia, desvalorizando o dólar para aumentar as exportações. O Brasil continua sendo o segundo país que mais adotou medidas liberalizantes, mas poderá, segundo Mantega, tomar medidas para evitar a valorização do real, caso as medidas de estímulo à economia dos Estados Unidos, decididas pelo governo Obama, venham a atingir nossa economia.
 
Além de comprar dólares, para enxugar o mercado, o governo pode elevar o Imposto sobre Operações Financeiras, para conter a entrada de moeda destinada à especulação financeira. São medidas bem razoáveis, tendo em vista a situação atual da economia internacional.

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