(MAURÍCIO VIEIRA)
As eleições da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM) podem parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A disputa estava marcada para a última quarta-feira, mas foi suspensa após a atual gestão descumprir uma decisão judicial.
Para garantir que as eleições não fossem para frente em chapa única, a Polícia Militar amanheceu na porta da instituição, localizada no Parque de Exposições Bolivar de Andrade, no Gameleira.
“A PM foi acompanhar um oficial de Justiça ao local. O objetivo era impedir que as eleições fossem realizadas ‘na marra’”, afirma o advogado Raimundo Cândido Neto.
Ele representa Magdi Shaat, que encabeça uma das chapas que concorrem ao pleito, a “Marchador para Todos”. Do outro lado está Daniel Borja, atual presidente da associação e candidato à reeleição pela chapa “Avante Marchador”.
De acordo com o advogado, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) encaminhou a decisão de quando será a nova eleição para a Justiça Federal.
“Se a Justiça Federal entender que a decisão não é competência dela e as partes não entrarem em acordo, caberá ao STJ definir quando será o pleito. Acredito que haverá um acordo porque os 15 mil associados querem decidir quem será o novo presidente”, diz Raimundo Cândido Neto.
O imbróglio se arrasta há alguns meses, mas se intensificou no começo de novembro, quando a desembargadora Aparecida Grossi, do TJMG, concedeu liminar garantindo a inclusão da chapa de Shaat nas eleições da ABCCMM para o triênio de 2019/2021.
A participação da chapa do candidato da oposição havia sido indeferida pela comissão eleitoral da ABCCMM por lançar dois nomes à diretoria que estavam em débito com a instituição.
Segundo o estatuto, no entanto, antes do indeferimento deveria ter sido concedido um prazo para regularização dos documentos, o que não ocorreu.
Ao vetar a participação de Madgi nas eleições, e antes de dar oportunidade de regularização da chapa dele, a atual gestão imprimiu cédulas de votação contendo apenas o nome de Borja e enviou para os associados que não residem em Belo Horizonte. Como a associação tem caráter nacional, vários criadores são de outros estados e até de outros países.
Até a noite da última terça-feira, um dia antes das eleições, a determinação da desembargadora ainda não havia sido acatada, motivo pelo qual a Polícia Militar foi convocada à sede da associação.
“Mesmo com ameaça de prisão e de multa de até R$ 900 mil, tentaram fazer uma eleição em chapa única”, alega Raimundo Cândido Neto.
Ele destaca que o cancelamento das eleições só foi anunciado pela atual gestão na terça, às 20h54. A essa altura, vários associados que moram fora de BH já haviam votado.
ABCCMM
Por meio de nota, a atual gestão da associação afirmou que a ABCCMM “não pratica descumprimento de leis, normas ou decisões judiciais. Tanto a ABCCMM, a Comissão Eleitoral e o Ministério Público Federal interpuseram medidas judiciais visando reversão de uma decisão liminar (ou seja, não definitiva). Estas medidas e recursos não foram apreciados em tempo para a reversão da referida decisão liminar”.
Ainda de acordo com o texto, o comparecimento de policiamento no último dia 28 e a movimentação de pessoas ocorreram de forma “absolutamente desnecessária”, pois no dia anterior os associados já haviam sido comunicados por e-mail sobre o adiamento do pleito, além de existir publicação no site da associação.
“Na presente data todo o processo eleitoral encontra-se em juízo, aguardando a decisão final de mérito”, informa a nota.