Do tempo da vovó, mas com cara de it girl

Cris Carneiro - Hoje em Dia
19/07/2015 às 12:08.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:59
 (Weber Padua/Divulgação)

(Weber Padua/Divulgação)

Você deve se lembrar daquele casaquinho da sua avó minuciosamente tricotado para esconder o frio, não é mesmo? A técnica de entrelaçar os fios é uma verdadeira obra de arte, que tem sua origem no Egito e tudo a ver com a cultura brasileira, principalmente com as raízes artesãs do povo mineiro. Talvez esteja aí a explicação que faz com o que a peça sempre seja incorporada em grandes coleções e apareça em versões que agradam a todos os estilos. Por isso, tanto as marcas daqui quanto as de todo o mundo investem na trama, trazendo o material como peça obrigatória para qualquer estação.   Em Belo Horizonte, é impossível falar de tricô e de suas variações sem mencionar Regina Misk, uma das grandes precursoras e referência na aplicação da técnica. A designer mineira, que é conhecida pela mistura que faz do artesanato e do contemporâneo, tem visibilidade em todo o país e desenvolve coleções belíssimas. “Peças de tricôs são desejo, quase um acessório que deixa qualquer produção mais poderosa. Além de todas essas características, são superpráticos, principalmente para viagens, pois não amarrotam”, assim Regina justifica o fato da trama estar sempre em destaque, independentemente da estação.    Regina presta consultoria e, recentemente, abriu o atelier criativo, o “Inventive Bureau”. A visibilidade é tanta que a designer foi convidada e integrou o circuito do Paris Design Week 2014. E o que não pode faltar no guarda-roupa de qualquer mulher? “Um cardigã amplo, despojado, com um fio de meia-estação, que pode ser também uma estrutura tipo quimono”.   A verdade é que grandes marcas internacionais trouxeram a técnica totalmente repaginada e que em nada lembra as peças “caretas” da vovó. Para muitos especialistas do segmento, o tricô aparece em 2015 como uma opção criativa para as grifes. E se você duvida da hegemonia dessas peças, nomes como Stella McCartney, Céline e Kenzo surgem para confirmar, em absoluta verdade, a potência da estação. “O tricô é atemporal e também um queridinho do inverno. Por isso, faço questão de ter na loja, tanto no masculino, quanto no feminino. Nesta estação, apostamos em tricôs com estampas exclusivas. Temos produções completas ou pulôveres, que ficam lindos com jeans”, afirma Fernanda Santos, à frente da loja Forum do shopping Diamond Mall.   Para a diretora de estilo da grife Cajo, Carol Caetano, a peça é atemporal, versátil e transita bem em qualquer ambiente. Por isso, está tão presente no nosso dia a dia: “Eu adoro o fato de o tricô ter mudado o conceito ’careta’ do passado e ter voltado como peça hit do closet da fashionista. Além de confortável, pode se tornar supersofisticado quando apresenta detalhes pontuais, como o bordado e as aplicações. Mas não gosto da forma tradicional como ainda é usado por algumas pessoas”.   O apego à técnica pode ser explicado devido ao charme que as peças proporcionam a qualquer produção, seja em um gorro ou num vestido com aplicações em bordados. Nesse caso, a palavra de ordem é inovação e o tricô segue fazendo muito bem o seu papel. “Sem dúvida é uma linha charmosa e feminina. Vale combinar o tricô com peças de alfaiataria, no ambiente de trabalho, e com saias e acessórios poderosos nos momentos de lazer”, ensina Carol. Regina Misk concorda e explica a praticidade e versatilidade da peça. “Gosto da maneira como agrega valor a uma produção”.   Tricôs e crochês deixam de cumprir seus papéis de esquentar para encarar dias de sol   Como estamos falando de uma tendência atemporal e democrática, que facilmente é vista pelas ruas em qualquer estação do ano, não podemos deixar de lembrar que o verão começa a bater na porta com os lançamentos das marcas Brasil afora. Nos desfiles do verão 2016, vimos muitos biquínis lindos com a tecelagem e vestidos longos, que prometem ser have must da próxima estação.    Segundo Regina, biquínis e maiôs de crochê continuam super em alta, assim como as saídas de praia estilo caftan. Ela explica que como a coleção traz uma forte releitura dos anos 70, o estilo chevron, que são os “Vs” em sequência, formando zigue-zagues e que podem ser utilizados de diversas formas, também são um ponto forte.    “No verão, as opções vêm bem românticas, na linha do estilo boho, imitando pontos de crochê e também com muitas franjas. Vestidos justos, com stretch e detalhes vazados continuam fortes. Para o verão, a tendência é usar um fio leve, com toque mais geladinho”, aconselha.    Decor com tricô   A pegada vintage da técnica está tão atual que até móveis têm ganhado uma repaginada e ares artesanais. No caso do trabalho de Regina Misk, as produções não são restritas às roupas, já que a designer trabalha também com mobiliários, que apresentam um novo conceito. O projeto “Além da forma” consiste na restauração de poltronas e cadeiras com criações produzidas a partir do tricô e crochê. A ideia é maravilhosa e ajuda a dar um up no visual da casa. As opções, que aparecem em cores vibrantes e neutras, são uma desculpa e tanto para repaginar a decoração.     

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