Alerta aos pais

Doenças respiratórias: por que os vírus adoram o frio? Médica do Hospital João Paulo II responde

Pneumologista pediatra alerta para cuidados com as crianças durante outono e inverno

Do HOJE EM DIA
portal@hojeemdia.com.br
Publicado em 09/04/2025 às 07:30.
Letícia Buchacra levou o filho Bernardo ao João Paulo II, onde recebeu atendimento da médica Chalene Mezêncio (Francis Campelo/Fhemig)

Letícia Buchacra levou o filho Bernardo ao João Paulo II, onde recebeu atendimento da médica Chalene Mezêncio (Francis Campelo/Fhemig)

Com a chegada do outono e inverno, a incidência de doenças respiratórias em crianças aumenta de forma considerável. Só no Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), os meses de março a maio de 2023 e 2024 registraram média mensal de 534 internações pediátricas, salto de 40% em relação a outros períodos. A média do pronto atendimento também cresce: 4.721 a cada 30 dias - cerca de 50% a mais.

E por que os vírus adoram o frio? A pneumologista pediatra do HIJPII Chalene Mezêncio explica que a sazonalidade das doenças respiratórias está ligada a uma combinação de fatores. "Ambientes fechados, menor ventilação e maior circulação de vírus típicos dessa época facilitam a transmissão. Crianças em creches ou em contato com irmãos mais velhos, que trazem vírus da escola, ficam mais vulneráveis a infecções", afirma.

Os bebês são os que geram mais preocupação. A bronquiolite, inflamação dos bronquíolos causada principalmente pelo vírus sincicial respiratório (VSR), lidera as internações graves, inclusive em UTIs. "Os menores de um ano são nosso maior foco de atenção. O mesmo vírus que causa um resfriado simples em uma criança maior pode levar um bebê à terapia intensiva", destaca a médica.

Quais são os sinais de alerta?

Nem toda febre exige uma ida ao pronto-socorro, mas alguns sintomas não podem esperar. Chalene orienta: "Febre persistente por mais de três dias, prostração, recusa de alimentação, vômitos ou dificuldade respiratória — como respiração acelerada, marcando as costelas — são sinais de alerta". Para crianças com histórico de doenças respiratórias, como asma e alergias, o cuidado deve ser redobrado.

Caso do Bernardo, de 1 ano e meio. Ele tem hipogamaglobulinemia (condição rara que afeta o sistema imunológico), o que o deixa mais suscetível a infecções. “Ele já foi internado no CTI por bronquiolite e pneumonia. Quando o vi com esforço respiratório e saturação diminuindo, corri para o João Paulo II. Aqui o atendimento é especializado", relata a mãe, Letícia Buchacra.

Veja algumas dicas para barrar as doenças respiratórias

  • Sempre que possível, mantenha janelas abertas. Evite aglomerações em locais fechados.
  • Mantenha uma alimentação saudável. Um corpo bem nutrido tem mais chances de reagir melhor a infecções.
  • Não se esqueça da vacina da gripe (Influenza) e do esquema completo da Covid-19.
  • Manter o corpo hidratado e as vias aéreas umidificadas ajuda a aliviar os sintomas e evitar complicações.
  • Priorize a vida ao ar livre. Incentive brincadeiras em parques e espaços abertos. Isso reduz o contato com ambientes propícios à transmissão.

Reforço na rede de saúde

Para suprir a demanda, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), anunciou a abertura de 12 leitos semi-intensivos no HIJPII. O pronto atendimento poderá ganhar reforço de dois consultórios do Ambulatório de Especialidades.

As equipes multidisciplinares também serão expandidas, com possibilidade de aumentar de quatro para seis médicos na porta em períodos de pico.

* Informações da Agência Minas

Leia mais:

© Copyright 2025Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por