Doméstica teme não realizar sonho de 20 anos (Lucas Prates/Hoje em Dia)
Os bloqueios nas rodovias, causados por protestos de caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não aceitam o resultado das eleições presidenciais, trazem, desde segunda (31), consequências a quem precisa se deslocar.
Em alguns casos, o prejuízo é até difícil de mensurar. Caso da empregada doméstica Maria das Graças Oliveira, de 53 anos, que juntou dinheiro durante 20 anos para realizar o sonho de conhecer a Europa e, agora, tem dificuldades para seguir para São Paulo, onde pegará um voo. Ela conta que o destino final é Valência, na Espanha. Lá, pretende visitar um irmão e amigos.
Maria das Graças chegou a embarcar na rodoviária de BH na noite dessa segunda, mas o ônibus retornou assim que se deparou com um bloqueio no caminho.
“Saímos da rodoviária por volta das 20h50 e fomos pela Via Expressa até Betim, na região metropolitana. Ao chegarmos em Igarapé, a rodovia já estava totalmente parada. Dormimos no ônibus e, de manhã, por volta das 8h, houve a liberação da via”, conta.
Entretanto, a liberação não resolveu o problema dos passageiros. Ela relata que, enquanto alguns ônibus seguiram para São Paulo, a empresa de ônibus em que estava decidiu que seria melhor retornar para a capital.
“Eles chegaram a nos consultar e a maioria queria seguir para São Paulo. Porém, não respeitaram a nossa decisão e retornaram mesmo assim. Chegamos a registrar um boletim de ocorrência”, afirma.
De acordo com a Rodoviária de BH, todas as viagens com destino ao Rio de Janeiro e São Paulo, marcadas para esta terça-feira (1°), foram canceladas pelas empresas que operam os trechos devido aos reflexos das paralisações.
Agora, Maria teme perder o voo marcado para quinta-feira (3), às 1h da madrugada. O avião vai sair do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. “O plano B é arrumar um carro para nos levar, mas também não sabemos se vamos conseguir passar pelos bloqueios”, diz.
Para ela, as pessoas podem se manifestar, mas “sem atrapalhar o direito de ir e vir.”
“Acho uma péssima maneira de protestar. Os caminhoneiros poderiam ficar parados no acostamento, mas não atrapalhem a mobilidade das pessoas. Todos nós temos o direito de ir e vir. Não aprovo a manifestação do jeito que está sendo feita", diz.
Desde segunda-feira (31), caminhoneiros bolsonaristas ocupam trechos das rodovias em diversos estados em protesto à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para Presidência do Brasil, no último domingo (30). O balanço mais recente da Polícia Rodoviária Federal aponta, só em Minas, 17 trechos interditados total ou parcialmente.
Segundo a polícia, mais de 300 pontos foram desbloqueados pelo país e outros 400 ainda seguem interditados.
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