Dono da JBS grava presidente dando aval para compra de silêncio de Eduardo Cunha

Da Redação
Hoje em Dia - Belo Horizonte
17/05/2017 às 19:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:35
 (Reprodução/ Bloomberg)

(Reprodução/ Bloomberg)

Os proprietários da empresa JBS, a maior produtora de carnes e derivados do país, afirmaram na semana passada ao Supremo Tribunal Federal que gravaram o presidente da República, Michel Temer, dando aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. As informações foram publicadas na noite desta quarta-feira (17) pelo site do jornal "O Globo", na coluna de Lauro Jardim.

De acordo com o periódico, o material foi entregue em março para a Procuradoria Geral da República. Os empresários, ainda segundo o jornal, também citaram outra gravação, feita desta vez pela Polícia Federal, em que o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) teria pedido R$ 2 milhões Joesley Batista, um dos donos da JBS, e que o dinheiro teria sido depositado na conta de uma empresa do outro senador mineiro Zezé Perrella.

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Joesley relatou também que Guido Mantega era o seu contato com o PT. Era com o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff que o dinheiro de propina era negociado para ser distribuído aos petistas e aliados. Mantega também operava os interesses da JBS no BNDES.

O empresário revelou ainda, segundo o jornal, que pagou R$ 5 milhões para Eduardo Cunha após sua prisão, valor referente a um saldo de propina que o peemedebista tinha com ele. Disse também que devia R$ 20 milhões pela tramitação de lei sobre a desoneração tributária do setor de frango.

De acordo com o texto de Lauro Jardim, que "a turma da JBS (Joesley sobretudo)" tinha nas mãos era algo nunca visto pelos procuradores: conversas comprometedoras gravadas pelo próprio Joesley com Temer e Aécio — além de todo um histórico de propinas distribuídas a políticos nos últimos dez anos. Em duas oportunidades em março, o dono da JBS teria conversado com o presidente e com o senador tucano levando um gravador escondido.

Respostas

O senador Aécio Neves diz estar "absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos". Na nota, enviada pela assessoria de imprensa, ele diz que no que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários.

Em nota, Zezé Perrella afirmou que "não conhece Wesley Batista e nunca teve contato com ele, nem mesmo por telefone, ou com qualquer outra pessoa do Grupo JBS". O senador disse que Menderson Souza Lima é seu assessor parlamentar, amigo de Fred Pacheco, primo do senador Aécio. Segundo Perrella, os sigilos bancários das referidas empresas em nome de seu filho estão à disposição da justiça. 

"Recordo ainda que da tribuna do Senado há alguns meses atrás fiz um pronunciamento no qual coloquei que a JBS tinha financiado vários parlamentares do Congresso, e manifestei na ocasião a minha estranheza sobre o porquê destas doações. Portanto reafirmo que, nunca obtive qualquer importância desta empresa. Seja oficial ou extra oficial. E me coloco a disposição para qualquer outro esclarecimento", encerrou Zezé Perrella.

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