Duzentos mil manifestantes pró-União Europeia protestam em Kiev

AFP
08/12/2013 às 09:25.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:39
 (Viktor Drachev)

(Viktor Drachev)

KIEV - Duzentos mil opositores favoráveis à União Europeia protestavam neste domingo (8) em Kiev, na Ucrânia, onde a oposição espera reunir um milhão de pessoas contra a decisão do presidente Viktor Yanukovich de não assinar um acordo de associação à UE.   A Praça da Independência, o local emblemático da revolução pró-ocidental de 2004, a chamada "Revolução Laranja", estava lotada e continuavam chegando manifestantes. "Estamos aqui pelo futuro europeu da Ucrânia, por nossos filhos e netos. Queremos que a justiça reine em todo o mundo e que o poder deixe de roubar", declarou à AFP um aposentado de 52 anos, Viktor Melnichuk.   "A política não me interessa, mas há tantas coisas que me deixam indignada. A gota d'água foi terem espancado os estudantes com paus", declarou a jovem de 26 anos, Marianna Vajniuk, referindo-se à dispersão à força no dia 30 de novembro de uma manifestação que deixou feridos, principalmente estudantes.   A tensão aumentou na Ucrânia após uma reunião na última sexta-feira (6) entre Yanukovich e o presidente russo Vladimir Putin para falar de um acordo de associação estratégica entre os dois países. A oposição denunciou no sábado (7) a intenção de Yanukovich de assinar este acordo com o objetivo de fazer a Ucrânia aderir à união aduaneira de repúblicas soviéticas liderada por Moscou.   "Segundo nossas informações, o projeto de acordo sobre a associação estratégica está pronto", mas Yanukovich "não se atreveu a assiná-lo", declarou o líder da oposição Arseni Yatseniuk, durante uma coletiva de imprensa no sábado.   Segundo a revista "The Economist", em virtude deste acordo estratégico a Ucrânia receberia bilhões de dólares em créditos e entraria na união aduaneira. No entanto, segundo Dimitri Peskov, porta-voz do presidente russo, a adesão de Kiev à união aduaneira não foi um dos temas da reunião. A presidência ucraniana também não forneceu detalhes do encontro.   Os rumores deste possível acordo com a Rússia foram recebidos com preocupação nas fileiras da oposição, que protesta há duas semanas nas ruas. "A manifestação de domingo pode terminar de maneira trágica se (Yanukovich) tiver vendido a Ucrânia", disse o opositor Yaseniuk, aliado da opositora detida Yulia Timoshenko.   O primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, classificou estas informações de "mentiras e provocações".   No domingo passado, entre 200 mil e 500 mil pessoas protestaram na praça depois de terem sido desalojadas à força na sexta-feira pela polícia, em uma operação que deixou dezenas de feridos, muitos deles estudantes. Já neste sábado, cerca de mil pessoas protestaram no mesmo local, também conhecido pelo nome de Maidan.   A Ucrânia está há mais de um ano em recessão e tem um enorme déficit público que pode levar o país à quebra, segundo analistas e investidores, que acreditam que Moscou pode abaixar o preço do gás que vende ao país se o governo ucraniano desistir de se aproximar da Europa.

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