(China Out)
A epidemia de febre hemorrágica do Ebola na África Ocidental já deixou mais de 2.400 mortos, e Cuba anunciou nesta sexta-feira o envio de 165 médicos e enfermeiros a Serra Leoa. Trata-se do envio mais importante de especialistas à região, destacou a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, em uma coletiva de imprensa em Genebra. "Se vamos à guerra contra o Ebola, precisamos dos recursos para lutar", afirmou Chan.
"Estou muito agradecida com a generosidade do governo cubano e destes profissionais da saúde, que farão sua parte para ajudar a conter o pior surto de Ebola da história. Esta colaboração marcará uma diferença significativa em Serra Leoa", ressaltou.
"Cuba é conhecida no mundo por sua capacidade para formar médicos e enfermeiras de destaque, assim como por sua generosidade em ajudar outros países em seu caminho em direção ao progresso", acrescentou Chan.
O ministro cubano da Saúde, Roberto Morales Ojeda, anunciou nesta sexta-feira em Genebra durante esta coletiva de imprensa que Cuba mobilizará 165 médicos e enfermeiros em Serra Leoa durante seis meses para ajudar as autoridades deste país a combater o Ebola.
"Vamos cooperar com uma brigada de 165 colaboradores, constituída por 62 médicos e 103 enfermeiros", anunciou o ministro cubano.
Todos estes médicos e enfermeiros "participaram anteriormente de situações de desastre" e "anunciaram voluntariamente sua disposição", acrescentou Morales. O funcionário cubano declarou que alguns deles já estão em Serra Leoa.
Sua missão, em coordenação com a OMS, durará seis meses, a partir da primeira semana de outubro. A epidemia de Ebola já deixou cerca de 2.400 mortos na África Ocidental, 509 deles em Serra Leoa, desde o surgimento do vírus, no início do ano, segundo a OMS. "Falta tudo (...) mas o que mais precisamos é de gente", disse Margaret Chan.
"No dia 12 de setembro, há 4.784 casos" e "mais de 2.400 mortos", declarou Chan, em uma coletiva de imprensa na sede da OMS em Genebra. Não foi informado, no entanto, se estes números incluem a Nigéria ou se é um balanço dos três países mais afetados: Guiné, Libéria e Serra Leoa.
O balanço anterior publicado na terça-feira pela OMS informava sobre 2.300 mortos de um total de 4.293 casos em toda a África Ocidental. "Nos três países mais afetados, o número de casos aumenta mais rápido que a capacidade para tratá-los", advertiu nesta sexta-feira Chan, que pede uma maior mobilização da comunidade internacional.
Ele também lembrou que já não resta nenhum leito disponível para tratar estes pacientes na Libéria. Já a secretária de Estado francesa para o Desenvolvimento, Annick Girardin, anunciou que viajará neste sábado à Guiné, e será primeira ministra europeia a pisar em um dos países afetados pela epidemia.
Profissionais da saúde
Enquanto a epidemia se espalha, a OMS estima que ainda são necessários na região entre 500 e 600 profissionais de saúde estrangeiros e 1.000 nacionais. A OMS tem uma lista de 500 especialistas internacionais, mas nem todos são enviados ao mesmo tempo. Cerca de 200 estão atualmente na região, segundo um porta-voz.
Por sua vez, a ONG Médicos Sem Fronteiras, muito ativa na luta contra o Ebola, conta com mais de 200 expatriados internacionais na região. Os Estados Unidos já possuíam desde o início de setembro 100 representantes na área. "A China já enviou equipes médicas aos três países" mais afetados, disse Chan, sem fornecer números.
A União Africana prometeu na segunda-feira mobilizar cem pessoas, em grupos de 20, enquanto a França anunciou na quinta-feira que reforçará sua mobilização para ajudar a Guiné. O Reino Unido planeja criar um hospital de campanha em Serra Leoa, enviar funcionários e treinar trabalhadores locais, segundo a OMS.
A ONU afirmou que tem a intenção de deixar suas forças de manutenção de paz na Libéria. Estas tropas estão ali desde o fim da guerra civil neste país, em 2003.
Um médico americano, que está sendo tratado do vírus Ebola em Nebraska, recebeu uma transfusão de sangue de outros médico que já se recuperou da doença, informou o hospital que realiza o tratamento.
Por sua parte, o presidente Barack Obama anunciou que se reunirá com especialistas do setor médico americano para preparar um aumento da ajuda oficial aos países afetados.