Os drásticos termos do resgate para o Chipre não precisam ser aplicados em outros países da zona do euro em crise, como sugeriu na segunda-feira o novo presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, pois o setor bancário da ilha sofre de problemas muito específicos, afirmou Benoît Coeuré, membro do conselho diretor do Banco Central Europeu (BCE).
"Não há risco de contágio, porque a situação do Chipre é única: é um país que era um centro financeiro sem regulamentação fiscal que não existe em outro local da zona do euro", disse Coeuré em entrevista a uma rádio. "Nenhum país tem a mesma concentração de problemas que o Chipre", afirmou. "Acho que Dijsselbloem estava errado" em sugerir que o Chipre pode ser um modelo para futuros resgates, declarou Coeuré.
"Essa foi a solução para um problema que se tornou desesperador", já que as reformas foram adiadas por muito tempo, explicou Coeuré.
Agora que o segundo maior banco do Chipre está sendo fechado e os líderes europeus prometeram recapitalizar outros, o BCE pode continuar fornecendo liquidez emergencial para o setor, segundo a autoridade. "O BCE está fazendo tudo que pode para defender a integridade do euro", disse.
De acordo com Coeuré, a lógica por trás dos termos do resgate é que o modelo bancário cipriota "vai mudar", já que os bancos terão o tamanho reduzido e não vão mais operar como um paraíso fiscal.
A atividade econômica no Chipre provavelmente será lenta por enquanto, admitiu Coeuré, destacando que, por isso, é uma boa ideia manter os bancos locais fechados por mais alguns dias, "pois há muito trabalho a fazer".
Coeuré afirmou que as lições a serem tiradas da crise do Chipre são de que os problemas estruturais precisam ser detectados mais cedo e que os bancos europeus precisam ser mais bem controlados por meio de um mecanismo supervisor único. As informações são da Market News International.
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