A forte revisão nos dados da produção industrial em outubro ante setembro, que saiu de 0,9% para 0,1%, foi resultado de um ajuste natural na série histórica da Pesquisa Industrial Mensal, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o pesquisador, as correções na série histórica são causadas ou por novos dados vindos dos informantes ou pela entrada da informação do novo mês. Em novembro, houve novas informações vindas dos informantes, mas positivas, que levaram a uma revisão para cima da taxa de outubro ante outubro de 2011, de 2,3% para 2,5%. Ou seja, a revisão para baixo na taxa de outubro ante setembro (de 0,9% para 0,1%,) foi causada pela informação de novembro.
"A modificação no dado com ajuste sazonal não foi modificada pelo fato de entrar informação que foi revisada para baixo. Essa retificação acontece pela entrada de uma nova informação na série histórica", declarou Macedo. "Foi uma mexida importante (na série) em função da entrada de uma informação no mês de novembro em relação a outubro em um padrão bem abaixo do que a gente costumava ter", acrescentou.
O patamar de novembro foi 5% mais baixo do que o de outubro, uma diferença muito maior do que a que tinha sido verificada em relação ao ano anterior, notou o gerente do IBGE. Em 2011, a queda de novembro ante outubro antes do ajuste sazonal foi de 1,6%.
"O que posso dizer é que o resultado veio muito mais baixo em relação à série histórica da pesquisa. Ele traz algum tipo de ruído para o ajuste sazonal. Mais do que isso, ele traz novos fatores para a minha série, que é recalculada para trás. Mas esse tipo de ruído não é isolado, costuma acontecer", ressaltou Macedo.
Essa diferença maior foi potencializada por um efeito calendário. Em 2012, outubro teve dois dias úteis a mais do que novembro, quando a média histórica é de apenas um dia útil a mais. "O fato de outubro ter sido um mês atípico em dias úteis acabou reforçando o impacto do ajuste sazonal", apontou o pesquisador. "O fato de ter um outubro mais gordo justifica essa produção mais intensa do que em novembro, mas tem outro lado também, o do predomínio de taxas negativas, que leva a um novembro com menor ritmo da produção."
De junho a agosto, a produção industrial ensaiou uma recuperação, acumulando alta de 2,1%. De setembro a novembro, houve perda de 1,2%. "Então ainda tenho saldo positivo de 0,9%. Essa perda nos últimos três meses de forma alguma suplanta essa recuperação dos três meses anteriores", disse Macedo.
Entretanto, mesmo que a revisão para o mês de outubro não houvesse ocorrido, o pesquisador conta que o saldo dos últimos três meses ainda seria negativo. "Mesmo que eu mantivesse o crescimento de 0,9% (em outubro ante setembro), o meu saldo ainda seria negativo. Eu não poderia dizer que o setor industrial teria caminhado em velocidade maior", declarou.
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