A inflação das matérias-primas agropecuárias no atacado, que já respondiam pela alta dos indicadores de preços em meses anteriores, agora representam um risco ainda maior de contaminação dos preços no varejo, segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros. Em agosto, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou alta expressiva de preços de produtos agrícolas muito presentes na alimentação do brasileiro, como o arroz sem casca, cuja variação passou de 3,76% em julho para 10,42% em agosto, e o trigo, que passou de 2,88% para 9,77%.
Até o mês passado, o aumento dos produtos agrícolas esteve concentrado na soja e no milho, que, embora ainda em alta, não têm tanto peso no orçamento das famílias. Em agosto, a inflação da soja foi de 7,45%, ante 16,19% em julho. E a do milho foi de 13,29%, ante 15,66% do mês anterior. "Estão entrando na lista de principais influências na alta de preços os produtos agrícolas com mais impacto no varejo", disse Quadros.
Em contrapartida, os produtos industriais contribuíram para conter o IGP-DI, que passou de 1,52% em julho para 1,29% em agosto. Entre os produtos industriais que desaceleraram, foram destaque as matérias-primas brutas minerais (de 0,10% para -3,40%), sobretudo o minério de ferro (de 0,15% para -3,85%). A economia desaquecida influenciou também a inflação dos materiais e componentes para a manufatura, que passou de 1,30% para 0,76%.
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