Aluguel residencial perde fôlego com a maior oferta

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
26/06/2014 às 07:26.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:09
 (Marcelo Prates)

(Marcelo Prates)

Assim que chegou ao Brasil, em setembro de 2013, o professor português Pedro Luis da Silva Costa começou a procurar uma casa para alugar. Durante meses, a maioria dos imóveis que via ou estavam em condições ruins, ou eram extremamente caros. Até que, em dezembro daquele ano, ele começou a perceber que os mesmos apartamentos que já havia visitado estavam entre 15% e 20% mais baratos.


Apaixonou-se por um deles, de três quartos, na Serra, ofertado por R$ 1.650. Fez então uma contraproposta, de R$ 1.200. O desconto não foi do tamanho desejado, mas, em fevereiro deste ano, Pedro conseguiu fechar contrato pagando R$ 1.300, valor 21% menor do que o pedido inicialmente.


A história do português que escolheu Belo Horizonte para viver com a esposa e dois filhos ilustra o atual momento do mercado imobiliário da capital, que depois de castigar os inquilinos com preços bem salgados, proporciona a eles algum poder de barganha.


A oferta de apartamentos disponíveis para locação bateu em maio 2.936 unidades, um aumento de 48% nos últimos 12 meses. Considerando-se só o mês passado, o incremento nas opções ultrapassa os 13%, segundo pesquisa realizada pela Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG) e pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead) da UFMG.


Com mais placas de ‘aluga-se’ espalhadas pela capital, entra em jogo a lei da oferta e da procura, e os preços perdem fôlego. De acordo com o levantamento, o valor do aluguel residencial em Belo Horizonte apresentou elevação de 0,37% em maio, quase metade do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pela Fundação Ipead, de 0,64% no mês.
De janeiro a maio de 2014, enquanto a inflação acumulada chegou a 4,16%, os aluguéis residenciais cresceram 2,03%. Já no comparativo dos últimos 12 meses, o aluguel avançou 5,08% e o dragão, 6,84%.

“A cada mês há um ajuste gradual entre inflação e preço de aluguel. Estamos chegando a um ponto de equilíbrio”, diz a vice-presidente da CMI/Secovi-MG, Cássia Ximenes. Esse mar de ofertas, como ela mesma diz, é resultado do boom entre 2009 e 2010.

“Os imóveis entregues pelas construtoras estão sendo disponibilizados, o que aumenta as opções de escolha e favorece a negociação”, corrobora o presidente da Lar Imóveis, Luiz Antônio Rodrigues.

RETRANCA

Diante de uma economia em banho-maria, para a vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI-Secovi), Cássia Ximenes, a maior surpresa do levantamento, feito pela entidade em parceria com a Fundação Ipead, está no acréscimo da procura por imóveis comerciais para alugar.

Em maio, o total das unidades deste tipo disponíveis caiu 1,15%. Por segmentação, houve menos oferta de andares corridos (-9,56%), casas comerciais (-5,59%), galpões (-12,32%) e lojas (-10%). Apenas salas comerciais registraram aumento, de 32%.

“Havia muita expectativa ruim em relação à Copa e o mercado se retraiu. Mas com a proximidade do torneio e nenhuma mudança significativa na economia, as pessoas tomaram coragem para alugar um imóvel para seu próprio negócio”, avalia Cássia.

No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, porém, a alta na oferta é de 3,74%. Já considerando-se os últimos 12 meses, chega a 70,74%.

“Os locatários de imóveis comerciais reagem conforme o mercado. Se a economia vai bem, o inquilino sai de uma sala pequena e busca uma loja, sai de três lojas e muda para um andar. Mas se vai mal, como agora, a tendência é de encolher o espaço”, afirma o especialista em mercado imobiliário e executivo da RE/MAX em Minas Gerais, Fernando Moreira.

Segundo ele, aquele tempo em que os reajustes de imóveis comerciais chegavam a 20%, 30%, até 40% faz parte do passado. “Esse aumento parou porque a economia parou. Se o PIB melhorar, voltar a crescer, o mercado retoma”, diz. Enquanto isso não acontece, Moreira diz que há espaço para pechincha, com descontos de 10%, em média.
 

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