Ameaça do Paraguai de cessar fornecimento de energia preocupa empresários

Marina Guimarães, correspondente
09/08/2012 às 16:24.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:19

As ameaças do presidente do Paraguai, Federico Franco, de interromper as vendas de energia elétrica ao Brasil e à Argentina, preocupa a União Industrial da Argentina (UIA), país que vive uma crise energética desde 2006. "A questão energética é crucial para a Argentina e nos preocupa se esse assunto não tiver uma solução rápida", disse nesta quinta-feira o presidente da União Industrial da Argentina (UIA), Ignácio de Mendiguren, em entrevista aos correspondentes estrangeiros. "Nós acompanhamos o tema energético diariamente, sobretudo pelo déficit que temos", recordou o empresário.

Para ele, a questão política que envolve a suspensão do Paraguai no Mercosul e a entrada da Venezuela é a razão por trás do problema no bloco regional. "O Mercosul está em uma zona de indefinição e o quanto antes isto for resolvido melhor para todos", opinou. Ele disse que o tsunami da crise internacional vai chegar a todas as praias, e que os países do Mercosul, particularmente os dois maiores sócios, precisam ter visão estratégica conjunta para vencer esta etapa.

Aproveitando a oportunidade, Mendiguren revelou que a projeção da UIA para a indústria da Argentina é de crescimento de 2% a 2,5% no segundo semestre de 2012. "No primeiro semestre, observamos um efeito platô na economia, com uma queda, mas no segundo, estamos um pouco mais otimistas e, devemos terminar com um crescimento de entre 2% a 2,5%", afirmou em entrevista aos correspondentes estrangeiros. O desempenho argentino, no entanto, vai depender do comportamento do mercado brasileiro, principal destino de suas exportações. "Para a Argentina o melhor cenário é de um Brasil crescendo. Tem implicância grande se o Brasil for afetado por uma crise", ponderou o empresário.

Mendiguren reconheceu a existência reiterada e crescente dos problemas comerciais bilaterais, mas afirmou que é preciso acabar com o drama sobre o assunto. "Há uma história nesses 21 anos de Mercosul e não há porque dramatizá-la. O empresário revelou que o objetivo da UIA é deixar de olhar atrás buscando erros e mirar adiante para desenhar estratégia de atuação conjunta e de interesse aos dois países e ao Mercosul como um todo. "Em novembro teremos a conferência anual da UIA e, segundo pedidos das presidentes Dilma (Rousseff) e Cristina (Kirchner), o setor privado apresentará um balanço dos investimentos realizados entre os países sócios dentro da integração, para discutir como podemos avançar de maneira mais rápida", revelou. "Não nos caracterizamos precisamente por termos sido eficientes no avanço no mercado comum, mas o mundo está dando oportunidade importante e queremos intensificar a integração", afirmou Mendiguren.
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