A arrecadação da Receita Federal tem melhorado de forma modesta nos últimos meses e reflete o baixo crescimento da economia brasileira. Por isso, segundo especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, está distante uma recuperação mais forte da arrecadação.
A Receita Federal, que estimava um crescimento de 3% das receitas administradas no ano, já fala em aumento na faixa de 2,5% a 3%. A consultoria MCM aposta em um resultado ainda menor, em torno de 1%. Se for considerada a possibilidade de entrar R$ 12 bilhões nos cofres públicos devido ao Refis, a estimativa da consultoria passa para 2,2%, ainda abaixo do número oficial.
A alta real de 0,89% de janeiro a setembro ante o mesmo período do ano passado é "praticamente uma estabilidade", segundo Reginaldo Nogueira, professor de economia do Ibmec. Ele aponta que a arrecadação acompanha o ciclo econômico. "A economia está capenga e afeta a arrecadação. Para o governo, isso é muito ruim porque está no limite do superávit primário. Qualquer real de arrecadação para a União faz diferença agora", afirmou. "Já era difícil o governo cumprir o superávit e agora ficará ainda mais complicado."
O economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, avalia que a arrecadação tem melhorado de forma modesta nos últimos meses. "É o mínimo a pedir após o PIB (Produto Interno Bruto) muito bom do segundo trimestre e uma despesa que continua crescendo três vezes mais no comparativo anual."
Para Montero, chama a atenção a aparente frustração da Receita Federal. "Segundo suas próprias estimativas, não fossem as desonerações, o crescimento da receita estaria em 3,5% em vez dos 0,89% apurados. Esse aumento real estaria de bom tamanho mesmo que o PIB fosse maior e a inflação, menor."
Ele questiona de onde vem a frustração, se as desonerações não devem ter surpreendido. "Por sinal, o impacto das desonerações recentes mal tiveram tempo de aparecer nessas estimativas. Qual era o PIB esperado para compensar o impacto de tudo isso?"
Montero aponta que a maior desoneração deste ano custou até setembro um adicional de R$ 24,6 bilhões em renúncia permanente, o que é compensado com o leilão do campo de Libra, com R$ 15 bilhões, o Refis, que pode render cerca de R$ 10 bilhões, e o Fundo Soberano, com R$ 2,6 bilhões, e um primário menor.
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