O apagão que afetou todo o Nordeste na tarde desta quarta-feira (28), causou apreensão em Salvador, onde a falta de energia durou mais de uma hora. Entre 15h08 e 16h20, quando o fornecimento começou a ser restabelecido na capital da Bahia, o trânsito foi afetado pelo desligamento de todos os semáforos, shopping centers fecharam as lojas e até o sinal da telefonia celular foi afetado.
Clientes das operadoras Vivo, TIM e Claro relataram dificuldades para realizar e receber ligações e se conectar na internet. Mesmo após o retorno da energia, o sinal das operadoras continuava em oscilação. No Pólo Industrial de Camaçari, na Grande Salvador, funcionários foram liberados de algumas fábricas. Diversas instituições de ensino suspenderam as aulas do período após 30 minutos hora sem energia. O procedimento foi adotado também em muitos escritórios do centro financeiro da capital baiana.
As liberações de estudantes e trabalhadores complicaram ainda mais o trânsito na capital. Houve relatos de congestionamentos nas Avenidas Antônio Carlos Magalhães, Tancredo Neves e Vasco da Gama, importantes eixos viários da cidade. Algumas lojas do Shopping Salvador e todas as do Iguatemi, dois dos maiores centros de compras do município, foram fechadas, como medida de segurança. A maioria dos estabelecimentos foi reaberta após o retorno do fornecimento de energia. Algumas áreas do aeroporto internacional, que não são abastecidas por geradores, também ficaram às escuras, mas o terminal funcionou normalmente. A Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) confirmou que o apagão atingiu todas as localidades do Estado.
Cemar
A Cemar, distribuidora do Grupo Equatorial que atende o Maranhão, afirmou que o apagão que atingiu parcialmente oito Estados do Nordeste afetou 24 municípios maranhenses, por 1 hora e 2 minutos. "Ao todo, 229.648 unidades consumidoras ficaram sem energia entre 15h08 e 16h10", afirmou, por meio de nota.
A Cemar destacou que foi uma falha no Sistema Interligado Nacional que afetou as cargas da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), provocando a interrupção de energia. Entre as cidades afetadas, estão Caxias, Timon, Tutoia, São João dos Patos, Aldeias Altas, Araioses, Pastos Bons, Passagem Franca, Magalhães de Almeida, Lagoa do Mato, Sucupira do Norte, São João do Soter, Paraibano, Alto Parnaíba, São Bernardo, Paulino Neves, São Domingos do Azeitão, Água Doce do Maranhão, Santana do Maranhão, Matões, Barão de Grajaú, Sucupira do Riachão, Colinas e Nova Iorque.
Grande Recife
Trânsito caótico, metrô parado, semáforos sem funcionamento. Esta foi a realidade enfrentada pelo recifense com o apagão. Juntaram-se os horários de pico no trânsito e na energia, empregados saindo mais cedo do trabalho e estudantes deixando as faculdades. Rodrigo Dantas saiu de seu trabalho em Olinda às 16h50, e não havia conseguido chegar perto de sua casa. Em dia normal, levaria 15 minutos para chegar a sua residência. O metrô que faz a linha Coqueiral-Rio Doce ficou parado por pelo menos duas horas. Os passageiros aguardavam na estação, e nos pontos de ônibus havia a mesma situação.
De acordo com a Chesf, a energia seria normalizada às 18h30. No Recife, alguns bairros já tinham energia elétrica no fim da tarde, mas o quadro na capital de Pernambuco ainda não estava normalizado. A situação na cidade se tornou mais crítica porque sem energia, não havia o funcionamento da internet, e os serviços das operadoras de telefonia ficaram indisponíveis para ligações em alguns pontos da cidade, afirmou Simone Lucena, que mora no bairro de Casa Amarela. Simone reclamou estar incomunicável diante do apagão.
Ela não tinha telefone, internet e eletricidade. Simone é autônoma e trabalha em casa. "Fiquei incomunicável", disse.
Especialista
O coordenador do Grupo de Estudo do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, descarta o risco de o País enfrentar uma sequência longa de apagões. Ainda sem informações oficiais, Castro afirmou acreditar que a queda de energia deve ter sido motivada por uma dificuldade técnica da rede.
Ele afirmou que a rede elétrica brasileira é muito grande. Por isso, ainda tem equipamentos antigos, que eventualmente podem ter falhas. Mas ressaltou que o governo montou um grupo de trabalho em parceira com as empresas do setor após o último apagão para diagnosticar onde estão localizados os equipamentos mais antigos e priorizar a modernização. O coordenador lembrou ainda que o sistema nacional é interligado. Quando acontece uma falha, os efeitos são sentidos em outros locais. Além disso, lembrou que o sistema distribuição de energia é integrado no País.
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