Apesar da crise, Belo Horizonte exportou mais no ano de 2014

Raul Mariano - Hoje em Dia
04/02/2015 às 07:36.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:54
 (Vallourec)

(Vallourec)

A recuperação da economia nos Estados Unidos e a retomada da construção civil no mercado internacional estão entre as principais razões para o crescimento das exportações de Belo Horizonte. Em 2014, empresas da capital expandiram em quase 30% o faturamento com as vendas para o exterior.
Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apontam que o município segue na contramão do Estado, que registrou queda de 12% no faturamento com exportações no mesmo período de comparação, e do país, que teve diminuição de 7%.
No topo da lista de produtos exportados estão os tubos de ferro e aço sem costura utilizados na indústria metal-mecânica, usinas de açúcar e álcool e siderúrgicas. Em 2014, a demanda externa pelo produto foi 40% maior do que em 2013.
Para o consultor de negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, o crescimento é reflexo dos novos contratos de fornecimento feitos entre a indústria e o setor petroleiro.
“Depois de um período muito ruim, percebemos que há uma retomada do crescimento lá fora. As exportações de Belo Horizonte aumentaram em 100% só para os Estados Unidos. A venda de máquinas e equipamentos de perfuração chegou a R$ 6 milhões. Isso se deve, em parte, à adequação das nossas empresas às exigências do mercado internacional”, diz Brito.
Aproveitar o momento de baixo crescimento econômico para definir novas estratégias comerciais também pode ter impulsionado as exportações. É o que explica o professor e consultor em projetos internacionais Caio César Radicchi.
“Muitas empresas podem estar se utilizando de estratégias logísticas para privilegiar os escritórios comerciais em Belo Horizonte. Os negócios com investidores internacionais podem estar centralizados na capital, até pela facilidade de acesso se comparada com regiões do interior do Estado”, opina.
As construções pré-fabricadas também tiveram destaque no ranking de exportações de Belo Horizonte. O faturamento do segmento aumentou 99% na comparação com 2013, saltando de R$ 1,1 milhão para R$ 142,8 milhões em 2014.
“Esse mercado já vinha sendo maturado na capital há mais de 10 anos. Hoje, depois de uma consolidação do mercado interno, há mais conhecimento de novas tecnologias vindas de outros países. Com isso somos capazes de oferecer um produto muito melhor, que acaba tendo condição de competir fortemente com outros players no mercado internacional”, destaca Radicchi.
Tecnologia e mão de obra ajudam a expandir as vendas para o mercado externo   Na avaliação do presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes, o nível técnico dos profissionais da capital é mais elevado do que as demais regiões de Minas Gerais.   De acordo com ele, isso atrai para a cidade indústrias de maior valor agregado que, em geral, são mais propensas a disputar mercados no âmbito internacional.
“A mão de obra mais qualificada ainda está concentrada em Belo Horizonte. Por isso nós temos indústrias de base tecnológica mais intensa aqui. Paralelo a isso, temos uma empresa com tecnologia de ponta que nos leva a exportar de maneira mais intensa pela particularidade e base tecnológica desse produto, que é o caso dos tubos de aço sem costura”, argumenta.
Apesar de o Sudeste ser responsável por mais da metade do total de exportações realizadas no país, as vendas regionais caíram 4,68% no ano passado na comparação com 2013. Minas Gerais teve a maior retração, seguida por São Paulo, que teve queda de 8,39% no mesmo período de comparação.
O Espírito Santo foi o Estado que mais exportou na região, alcançando um aumento de 16,33%. O Rio de Janeiro ficou em segundo lugar, com um ganho de 6,33% nas vendas para o mercado externo. Juntos, os quatro Estados do Sudeste exportaram US$ 116 bilhões.
Em 2014 as exportações cresceram em 12 Estados brasileiros. O Acre registrou a maior queda (-36,55%), e o Piauí registrou o maior aumento (58,16%) no país.
Mesmo com a queda nas vendas para o exterior, o número de exportadores brasileiros cresceu em 2014 pelo segundo ano consecutivo. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) indicam que, de janeiro a dezembro do ano passado, 19.250 empresas brasileiras realizaram vendas ao exterior. O total corresponde a um crescimento de 2,3%. O equivalente a 441 empresas a mais que em 2013, quando 18.809 exportaram.
Em Minas Gerais, dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), por meio do Exportaminas, apontaram que, apesar da diminuição do valor exportado de minério, a quantidade aumentou para 177,8 milhões de toneladas. Um crescimento de 3,1% no comparativo com o ano de 2013.

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