A Arábia Saudita divulgou nesta quinta-feira (25) um orçamento que projeta gastos totais de 860 bilhões de riais (US$ 229,3 bilhões) em 2015, mantendo sua política de altos gastos governamentais, apesar da forte queda dos preços do petróleo nos últimos meses.
O reino espera um déficit de 145 bilhões de riais para manter seu projeto de gastos anterior, na medida em que a projeção de arrecadação caiu para 715 bilhões de riais, de 1.046 trilhões de riais em 2014, segundo comunicado do Ministério de Finanças.
Uma forte queda nos preços do petróleo - commodity que perdeu quase metade de seu valor desde o meio do ano - levantou temores de que a Arábia Saudita reduziria seu orçamento, o que poderia afetar as perspectivas de crescimento do país.
O reino depende das centenas de bilhões de dólares provenientes da venda de petróleo para promover o crescimento de sua economia, ajudando a criar empregos e riqueza para sua população, num momento em que vários países da região enfrentam crescentes protestos contra seus governantes.
Nesta quinta-feira, o governo disse que planeja elevar seus gastos em cerca 1% em relação ao último orçamento, um recorde, e deve provavelmente usar suas reservas para financiar projetos de desenvolvimento em setores importantes como saúde e educação.
O rei Abdullah destacou no anúncio do orçamento "os acontecimentos no mercado global de petróleo que levaram a um grande declínio nos preços" e instruiu os funcionários do governo a considerar esses fatos "racionalizando os gastos", segundo comunicado lido na televisão estatal pelo secretário geral de gabinete, Abdulrahman Al Sadhan.
O reino não informou qual o preço do barril de petróleo foi levado em conta para formular o orçamento de 2015, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras instituições estimam um preço de equilíbrio fiscal acima de US$ 90 o barril.
Apesar disso, o déficit esperado para 2015 não deve prejudicar o país. O FMI estima que a Arábia Saudita tenha cerca de US$ 750 bilhões em reservas em moeda estrangeira, acumuladas durante anos, com a renda proveniente do petróleo.
O orçamento está de acordo com o que o ministro de Finanças, Ibrahim bin Abdulaziz Al-Assaf, disse à agência estatal de notícias na semana passada. Ele afirmou que o governo vai continuar a gastar pesadamente em "grandes projetos de desenvolvimento" nos setores de saúde, educação, serviços sociais e forças armadas. Como resultado, o reino vai conquistar um crescimento econômico "positivo", afirmou.
Embora o governo saudita venha buscando diversificar sua economia nos últimos anos por meio de altos gastos, cerca de 90% de seus recursos ainda são provenientes das exportações de petróleo, o que torna as finanças do país vulneráveis a mudanças no mercado de energia. Fonte: Dow Jones Newswires.
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