O fundo de investimentos NML divulgou nesta segunda-feira (30), em nota, que a Argentina tem se recusado a negociar com os credores que optaram por não reestruturar sua parte da dívida em 2005 e 2010, e escolheu deixar o país "à beira do default [calote]". Na última sexta-feira, o juiz americano Thomas Griesa ordenou que as duas partes se sentassem novamente para tentar chegar a um acordo sobre a dívida de US$ 1,3 bilhão que, por decisão da Justiça dos EUA, deveria ser paga nesta segunda-feira.
No sábado, o mediador apontado por Griesa, Daniel Pollack, confirmou que estava conversando com as partes por telefone, durante o fim de semana. "Não está havendo negociações e a Argentina se recusa a se comprometer em negociar no futuro. O governo argentino escolheu colocar o país à beira do default [calote]", disse o Jay Newman, diretor de portfólio do Elliott Management, fundo do qual o NML é subsidiário.
Newman diz que a disposição em negociar expressada pela Argentina na última semana tem provado ser mais uma promessa em vão, já que Buenos Aires não quer negociar "nenhum aspecto dessa disputa". "Nós esperamos sinceramente que ela [Argentina] reconsidere esse caminho sem volta." Segundo uma fonte próxima aos negociadores do NML, a visão dos credores é que os argentinos estão tentando criar a impressão de que a Justiça americana está empurrando o país para o calote. "Mas essa é uma escolha deliberada deles", disse a fonte.
O prazo para que a Argentina pague seus credores termina nesta segunda (30). Se não o fizer, o país entra em calote técnico. O governo, no entanto, ainda terá um prazo de carência de 30 dias antes do default. Buenos Aires chegou a fazer, na quinta-feira, um depósito de US$ 832 milhões -US$ 539 milhões deles no Bank of New York Mellon- referentes a uma parcela do pagamento ao grupo que aceitou reestruturar sua dívida.
O destino do restante da quantia não foi especificado pelo país. O juiz Griesa mandou que o banco devolvesse o pagamento que classificou como "ilegal", já que, segundo ordem da Justiça americana, ele só poderia ser feito se Buenos Aires também pagasse os credores com quem o país está em litígio -os "holdouts" ou "fundos abutres", como são chamados por Buenos Aires.
O governo argentino classificou, em um comunicado, a decisão do juiz como "insólita" e um "abuso de autoridade", e disse que o dinheiro depositado "não é mais da Argentina e já pertence a terceiros". Na nota divulgada no site do Ministério da Economia, o governo argentino disse que Griesa não tem jurisdição para decidir os rumos do pagamento que os credores da dívida reformada recebem. "O juiz decide sobre instrumentos cuja validade nunca foi contestada", diz o comunicado.