Arrecadação menor antecipa lucro em queda na mineração

O recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) da indústria mineral apresentou redução de 54,6% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual intervalo do ano passado, segundo a Receita Federal do Brasil. A retração na arrecadação dos tributos, que incidem sobre o lucro das companhias, indica que os balanços das empresas do setor referentes aos três primeiros meses do ano vão apresentar resultados com lucros menores, como já ocorreu com a Vale.    A mineração atravessa um cenário de preços em queda, incertezas regulatórias no Brasil e oferta excessiva do produto no mercado mundial. MMX, CSN e Gerdau divulgarão seus resultados nas próximas semanas.   Conforme a Receita, a arrecadação do IRPJ e da CSLL da indústria mineral, de janeiro a março deste ano, somou R$ 847 milhões ante 1,867 bilhão em igual intervalo de 2013. A queda foi de 54,6%, a segunda maior apurada pelo órgão, atrás apenas da indústria de petróleo e gás, que contabilizou retração de 64% na mesma base de comparação.   O analista da Ativa Corretora, Lenon Borges, avalia que os resultados dos próximos trimestres deverão ser fracos, sobretudo devido ao menor apetite chinês pelo minério de ferro. “Existem pressões de curto prazo com potencial para derrubar ainda mais o preço do minério, mesmo que pontualmente. No primeiro trimestre, a desvalorização do preço, em virtude dos altos estoques de minério nos portos chineses, influenciará negativamente os balanços. Na Vale, por exemplo, a receita com exportações de minério de ferro, no período, teve queda de 21%”, afirma.   O minério de ferro acumula desde novembro de 2013, quando a curva de preço começou a apontar para baixo, desvalorização superior a 20%. Para Borges, os impactos disso serão percebidos na CSN, onde a mineração responde por cerca de 40% do lucro antes de impostos, amortização e depreciação (Ebitda), e já apareceram na Usiminas, onde a receita líquida da mineração no primeiro trimestre de 2014 foi de R$ 345,6 milhões, uma redução de 9,6% na comparação com o trimestre anterior. “Na Vale, mesmo com a valorização cambial no trimestre, houve impacto pela queda de preço”, disse Borges. Além do excesso de oferta e preços em queda, a mineração no país ainda enfrenta a demora na aprovação do novo Código Mineral pelo Congresso, o que gera insegurança jurídica e afasta investidores.