Baixo desempenho da economia eleva oferta de imóvel para aluguel em BH

Raul Mariano - Hoje em Dia
11/01/2015 às 08:42.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:37
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

A grande expectativa criada pelo mercado imobiliário em 2014, com a influência de eventos como a Copa, começa a dar os primeiros sinais de que não foi amplamente correspondida. A valorização dos aluguéis comerciais frente ao baixo desempenho da economia já pesa nas contas do empresariado do setor em Belo Horizonte.    Como consequência, cresce a oferta de imóveis comerciais em diversas áreas da cidade, impulsionada, também, pelo reajuste anual no valor dos aluguéis e a migração de empresas para o formato home-office.   De acordo com a Pesquisa do Mercado Imobiliário de Belo Horizonte sobre aluguéis, realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), a quantidade de imóveis comerciais ofertados na capital em novembro foi de 10,43%.    Um aumento de 1,9 ponto percentual em relação a outubro. Já a variação do preço médio para o mesmo tipo de imóvel cresceu 0,33% no período.   A pesquisa detalhada apontou, ainda, que a variação na oferta de casas comerciais em Belo Horizonte foi de 12,90% no mesmo período. Para as lojas, a variação chegou a 7,63% e para as salas, 1,56%.    Segundo a avaliação da vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi), Cássia Ximenes, o aumento da oferta está ligado, dentre outros fatores, ao esforço das construtoras para suprir a carência que havia no mercado na última década.   “Além disso há uma mudança recente nas formas de trabalho, com mais profissionais desenvolvendo as atividades em casa, o que favorece o aumento da disponibilidade de pontos comerciais”, destaca.   Novas Construções   O presidente da Comissão de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seção Minas Gerais, Kênio Pereira, comenta que a construção de novos imóveis nos últimos cinco anos foi crucial para o excesso de oferta.   “O volume atual de salas comerciais em Belo Horizonte é decorrente de um período de euforia. As construtoras investiram muito para suprir uma antiga demanda de economia aquecida. Porém, quando esses imóveis foram entregues, o cenário já havia mudado. Essa grande oferta certamente vai influenciar na formação dos preços. Afinal, quem define o valor do aluguel não é a imobiliária, o cliente ou o proprietário, mas o próprio mercado”, explica.     Locador é forçado a reduzir o preço para segurar o inquilino   A expectativa em relação ao aquecimento do mercado e ocupação dos pontos comerciais disponíveis não é boa. A instabilidade da economia preocupa especialistas e a previsão é a de que muitos imóveis continuem desocupados durante 2015.   O vice-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Anderson Rocha, afirma que a valorização imobiliária era acompanhada pelo crescimento econômico. Porém, o desaquecimento do mercado em 2014 impactou nos aluguéis.    “Os aluguéis comerciais foram se reajustando e chegaram a um patamar que se tornou inviável para muitas empresas. Quando não há negociação com os proprietários dos imóveis, a única saída é a mudança de ponto. Isso já aconteceu em outros momentos e acredito que ao longo do ano o índice de desocupação deve continuar alto”, avalia Rocha.    Acordos   A renegociação de preços tem sido a solução encontrada pelas imobiliárias para segurar os contratos e impedir que os imóveis se tornem vagos. Em alguns casos, os proprietários optam por reduzir os valores do aluguel para não perder o inquilino.   “Somente depois de muitas propostas e contrapropostas estamos conseguindo chegar a um consenso. Para os proprietários, é mais caro ficar com o imóvel vazio e arcando com todos os custos do que reduzir um pouco o preço do aluguel”, comenta Renata Cunha, gerente da imobiliária Admici.    Ela ressalta que pontos de grande relevância comercial acabam não encontrando locatários. “Temos salas na rua Carijós que têm um custo de condomínio de R$ 400 e estão há quase um ano disponíveis. Na avenida Álvares Cabral há um casarão que também está desocupado e até mesmo na avenida do Contorno, em locais de excelente localização para comércio”, diz.   A época do ano também influencia a média de preço das regiões de comércio pujante. O corretor imobiliário da Bens Imóveis, David Correa, explica que, por esse motivo, só agora alguns proprietários estão cedendo às pressões do mercado.    “Na região do bairro Gutierrez, muitas lojas cujo aluguel custava R$ 12 mil, hoje estão custando R$ 8 mil. E apesar disso, ainda temos muita dificuldade para alugar. A média que tem sido negociada na região é de R$ 3,5 mil. Todos os novos empreendimentos já são inaugurados nessa faixa de preço”.

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