Banco Central anuncia redução no ritmo da alta da taxa de juros

Murilo Rodrigues Alves, Laís Alegretti, Gustavo Porto, Márcio Rodrigues e Flávio Leonel
27/02/2014 às 09:09.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:18

O Banco Central (BC) anunciou, na quarta-feira (26), um novo aumento na taxa básica de juros da economia, levando-a para 10,75%, o mesmo nível em que se encontrava quando Dilma Rousseff assumiu a presidência, em janeiro de 2011. A alta de 0,25 ponto porcentual significa uma redução no ritmo do aperto monetário - os seis aumentos anteriores haviam sido de 0,5 ponto -, mas, para analistas, o BC ainda deixou a porta aberta para novas elevações.

A queda no ritmo de alta era esperada pelo mercado, principalmente depois da divulgação de alguns indicadores recentes. Números fracos de 2013 - como o IBC-Br, que apontou queda da atividade no quarto trimestre - ratificaram a perspectiva de um crescimento modesto da economia neste ano. A inflação veio um pouco menor do que se esperava em janeiro e nos primeiros dias de fevereiro e houve recuo na valorização do dólar, depois de uma trégua dos investidores aos mercados emergentes.

A última medida que sacramentou as apostas na alta de 0,25 foi o anúncio da meta de superávit primário de 1,9% do PIB, mesmo esforço fiscal feito no ano passado. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, destacou o anúncio como importante e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a sugerir que a decisão dos diretores do Banco Central em relação aos juros fosse "menos severa".

Apesar de a alta de 0,25 ponto ser esperada, não há muita certeza no mercado em relação aos próximos passos do Banco Central. Segundo Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio da Tendências Consultoria, o comunicado conciso do Copom para justificar o aumento da Selic torna incerta uma avaliação de como o banco deve agir nas próximas reuniões e mesmo se irá encerrar a série de oito ajustes seguidos. Loyola avalia que o BC vive um dilema, "a pior situação para um Banco Central", com a inflação em alta, o que exigiria novos aumentos na Selic, e o nível de atividade em baixa.

Nova alta

Para o economista-chefe do Banco J.Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, no entanto, a retirada do termo "neste momento" do comunicado que acompanhou a decisão afasta a ideia de que esse seria o último movimento deste ciclo de ajuste. Para Kawall, o fato de o BC ter voltado a usar no comunicado a expressão "dando prosseguimento" passa a ideia de continuidade do aperto, principalmente porque a inflação não tem dado sinais de convergência para o centro da meta, de 4,5% ao ano.

O economista-chefe da MCM Consultores, Fernando Genta, também avaliou que a manutenção desses termos específicos no comunicado indica que um novo ajuste da mesma magnitude será realizado na próxima reunião do Copom, em abril. "Esse comunicado é consistente com nosso cenário de Selic a 11%, em duas altas de 0,25 ponto porcentual. A manutenção do termo ‘dando prosseguimento’ é uma sinalização firme de que o plano de voo inclui mais uma alta de 0,25 ponto."

Para alguns analistas, no entanto, o ciclo de alta da Selic pode ter chegado ao fim. O diretor de Pesquisas para a América Latina da Nomura em Nova York, Tony Volpon, diz que as oito altas consecutivas, em um total de 3,5 pontos porcentuais, deixaram a Selic em um patamar suficiente para levar a inflação de volta à meta, embora de maneira lenta e gradual. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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