Banco central argentino descarta desvalorização cambial

Agencia Estado
01/04/2013 às 06:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:25

O governo da Argentina não tem planos de introduzir um sistema múltiplo de câmbio ou desvalorizar a moeda argentina após eleições do Congresso, afirmou a presidente do banco central, Mercedes Marcó del Pont, em uma entrevista a uma agência de notícias local.

"Essas são coisas que não vão acontecer", disse Marcó del Pont à Agencia Paco Urondo em uma entrevista publicada neste domingo.

Escolhida pela presidente Cristina Kirchner para gerenciar o BC da Argentina em 2010, Mercedes Marcó del Pont disse que as reservas do banco em moeda estrangeira de cerca de US$ 40 bilhões são suficientes para regular a taxa de câmbio.

Um porta-voz do banco central confirmou os comentários de Marcó del Pont para a agência de notícias.

Sinais de estresse no mercado cambial da Argentina - mais especificamente, o aumento cada vez maior da diferença entre o peso negociado no mercado regulado de câmbio e as taxas no mercado negro - têm alimentado os rumores de que o governo acabará sendo forçado a desvalorizar o peso.

Os argentinos vão às urnas em outubro, cujos resultados podem determinar o futuro da marca de políticas populistas de Kirchner. O grupo da presidente do Partido Peronista controla as duas casas do Congresso, mas fica muito aquém da maioria de dois terços necessária para aprovar reformas constitucionais, como a alteração dos limites do período de mandato.

A traumática história de desvalorizações da Argentina - que coincidiram ou aconteceram antes de crises políticas e econômicas - é uma das razões pelo qual o governo tem se esforçado para limitar os movimentos bruscos no peso.

O governo Kirchner estritamente raciona a venda de moedas estrangeiras para empresas e indivíduos para se certificar de que eles tenham dinheiro suficiente para pagar por mercadorias importadas e servir a suas dívidas.

O banco central também intervém no mercado de câmbio regulado numa base quase diária, conforme tenta comprar dólares para construir suas reservas, ao mesmo tempo em que gradualmente enfraquece o peso para ajudar os exportadores.

Rígidos controles de capitais que limitam a quantidade de moeda estrangeira que os argentinos podem comprar legalmente levaram algumas pessoas a buscarem dólares através de canais informais.

Embora os volumes nesse mercado sejam aparentemente pequenos, alguns economistas dizem as taxas de câmbio do mercado negro influenciam a forma como as empresas estabelecem preços.

E os preços ao consumidor - que têm subido rapidamente - provaram ser uma dor de cabeça para as autoridades. Em meio a um cenário de inflação anual que muitos analistas do setor privado dizem está acima de 20%, o governo estendeu na semana passada um congelamento de dois meses sobre os preços de supermercados até o final de maio.

A inflação galopante tem estimulado algumas pessoas a buscaram segurança no dólar ou usar transações do mercado de ações para transformar seus pesos em dólares mantidos em contas no exterior.

A fuga de capitais caiu para US$ 3,4 bilhões em 2012, de US$ 21,5 bilhões no ano anterior, devido aos controles de moeda postos em prática em outubro de 2011.

Marcó del Pont atribuiu as pesadas saídas de capital observadas durante a maior parte de 2011 a ações de grupos especiais de interesses que tentaram provocar uma desvalorização em seu benefício.

Agora, alguns grupos estão tentando causar problemas, fazendo muito barulho sobre o mercado negro, disse ela.

Questionada sobre o valor do peso em relação a outras moedas e seu impacto sobre as transações, Marcó del Pont disse que a taxa de câmbio ainda tem um "colchão de competitividade". As informações são da Dow Jones.
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